Um novo estudo sugere que um simples exame ao sangue poderá, em breve, permitir que os médicos consigam diagnosticar a depressão clínica tão facilmente como acontece, por exemplo, com o colesterol.
Ao medir os níveis de nove marcadores biológicos, o exame pode não só ajudar os profissionais de saúde a descobrir quais as pessoas com maior predisposição à depressão, como também identificar o tratamento mais indicado para cada indivíduo.
“Este teste traz o diagnóstico da saúde mental para o século XXI e oferece a primeira abordagem da medicina personalizada a pessoas que sofrem de depressão”, explica Eva Redei, autora do estudo e professora de psiquiatria e ciências comportamentais na Universidade Northwestern, nos Estados Unidos.
A investigação, publicada na revista Translational Psychiatry, contou com a participação de 64 pessoas, das quais metade estava com depressão, com idades compreendidas entre os 21 e os 79 anos.
Os investigadores realizaram um exame de sangue e identificaram nove marcadores de RNA – moléculas responsáveis por interpretar o código genético do DNA e fazerem o organismo funcionar de acordo com as informações decodificadas -, cujos níveis eram significativamente diferentes entre os indivíduos com e sem
depressão.
Os participantes com depressão foram submetidos a um tratamento contra a doença. Ao longo das 18 semanas seguintes, a equipa foi monitorizando os níveis dos nove marcadores de RNA. Os resultados revelaram que os níveis foram sofrendo alterações, e que essa alteração estava relacionada com a eficácia, ou não, do tratamento.
“Não temos dúvidas de que o tratamento à base de medicamentos e a psicoterapia são eficazes, mas não para toda a gente. Ter um exame como este ajuda-nos a prescrever a melhor terapia para cada paciente”, afirma David Mohr, co-autor do estudo.
Actualmente, o método de diagnóstico da depressão é subjectivo, uma vez que se baseia em sintomas não específicos, como a fadiga e a alteração de humor, que podem ser associados a diversos problemas físicos e mentais. Este diagnóstico depende também da habilidade do paciente em reportar os seus sintomas e a do médico em interpretá-los.
CG, ZAP