O governo turco decidiu esta quinta-feira bloquear o acesso ao YouTube, uma semana depois de ter feito a mesma coisa com o Twitter, na sequência da divulgação de sons alegadamente manipulados visando elementos do regime.
De acordo com a edição online do diário turco Hurriyet, a decisão da autoridade governamental para o setor das telecomunicações foi hoje comunicada aos servidores de Internet e aos operadores turcos.
“O acesso foi bloqueado pela Autoridade turca para as telecomunicações”, lê-se, segundo o jornal, numa mensagem aos internautas que desejem entrar no site de partilha de vídeos.
A decisão do governo de Ancara segue-se à divulgação no Youtube, esta quinta-feira, do registo de uma conversa entre quatro altos responsáveis turcos, incluindo o ministro dos Negócios Estrangeiros Ahmet Davutoglu e o chefe dos serviços de informação (MIT) Hakan Fidan, sobre uma eventual operação militar na Síria.
A autenticidade desta conversa e das condições do registo sonoro não foi até ao momento estabelecida. A voz atribuída a Hakan Fidan refere um plano de enviar “quatro homens [ao território sírio] para lançar oito mísseis num terreno baldio” na Turquia, de forma a justificar uma resposta militar turca.
Num comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros turco assegurou que o registo foi “manipulado” e denunciou com veemência um “ataque de ódio” contra a segurança nacional da Turquia.
Bloqueio online em véspera de eleições
Em fevereiro passado, dezenas de registos de conversas telefónicas que envolviam o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, e elementos da sua equipa governativa num vasto escândalo de corrupção foram divulgados na Internet. As autoridades turcas alegaram que os registos tinham sido manipulados.
Para impedir a sua divulgação, o governo de Ancara bloqueou há cerca de uma semana a rede social Twitter, decisão que provocou uma vaga de críticas no mundo inteiro.
Na quarta-feira, um tribunal de Ancara ordenou a suspensão da medida, que continua no entanto em vigor porque a Autoridade turca para as telecomunicações dispõe de um período de 30 dias para aplicar a decisão judicial.
As eleições municipais turcas, consideradas como cruciais para Erdogan, estão agendadas para o próximo domingo.
/Lusa