Dente antigo pode pertencer aos misteriosos denisovanos, uma espécie de humanos já extinta

(dr) Maayan Harel

Nas profundezas das florestas de Laos, numa gruta nas montanhas Anamitas, foi encontrado um único dente de criança.

O dente encontrado pode pertencer a uma espécie humana misteriosa sobre a qual pouco sabemos, e da qual temos poucos vestígios.

“Análises da estrutura interna do molar em conjunto com análises paleoproteómicas do esmalte indicam que o dente deriva de um indivíduo jovem, provavelmente do sexo feminino, hominídeo”, sublinham os investigadores no novo estudo, publicado a 17 de maio na Nature Communications.

O dente, encontrado na caverna Tam Ngu Hao 2, “muito provavelmente representa um denisovano”, relatam os investigadores.

Os denisovanos são uma espécie humana extinta, descoberta pela primeira vez quando uma análise do osso do dedo de uma criança encontrada numa caverna siberiana em 2008 foi determinada como não sendo adequada a nenhuma espécie humana conhecida, segundo a Science Alert.

Através de vestígios com quase 200.000 anos, sabe-se que os denisovanos partilhavam várias semelhanças genéticas com os Neandertais.

No entanto, encontrar esta espécie de humanos tem sido difícil. Seis dentes e ossos fossilizados foram descobertos na mesma caverna siberiana, enquanto que uma mandíbula parcial foi encontrada numa caverna na China.

Assim, a descoberta de um potencial dente denisovano em Laos — muito a sul das cavernas da Sibéria ou da China — é extremamente importante para a arqueologia.

Nature Communications

Vários ângulos do TNH2-1

“O dente da caverna Tam Ngu Hao 2 em Laos prova a existência de um indivíduo feminino denisovano, com fauna associada no sudeste asiático continental, há 164-131 mil anos”, escreve a equipa no seu novo estudo.

“Esta descoberta também dá a entender que esta região foi um foco de diversidade para o género Homo, com a presença de, pelo menos, cinco espécies: H. erectus, Denisovanos/Neandertais, H. floresiensis, H. luzonensis e H. sapiens”.

Como o molar apenas completou o desenvolvimento na altura da morte do indivíduo, e não mostrou sinais de desgaste, a equipa acredita que o dente é de uma criança entre 3,5 e 8,5 anos de idade. Utilizando sedimentos à volta do dente, datam a amostra entre 164 a 131 mil anos de idade.

Infelizmente, quando se trata de dentes únicos antigos, não é fácil confirmar que pertencem definitivamente a denisovanos.

A equipa não foi capaz de recolher amostras de ADN, devido à idade da amostra, em parte devido às condições tropicais que provavelmente destruíram qualquer vestígio de ADN, há muitos milhares de anos.

Ao analisar as proteínas do dente juntamente com a sua morfologia, a equipa não tem a certeza de que se trata de um denisovano, pois também pode ter pertencido a um Neandertal. Vão ser necessárias mais análises para confirmar.

“As diferenças dos Neandertais que observamos não impedem [o dente] TNH2-1 de pertencer a esta espécie, e fariam dele o fóssil mais a sudeste de um Neandertal alguma vez descoberto”, conclui a equipa no estudo.

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