Debates quinzenais vão voltar (mas com diferenças)

José Sena Goulão / Lusa

Miranda Sarmento fala sobre a ausência de “berrarias” e os eventuais acordos com o Chega.

Os debates quinzenais, rotina no Parlamento ao longo de anos, terminaram em 2020 mas vão voltar.

A novidade foi dada pelo PSD, mais concretamente pelo seu líder da bancada parlamentar, Joaquim Miranda Sarmento.

“Temos bons sinais do lado da maioria absoluta do PS para o regresso dos debates quinzenais. Está relativamente consensualizado que voltarão”.

A data não foi ainda revelada: “Penso que será para breve. Depende agora de fechar os termos da revisão do regimento. Mas creio que hoje já não pode sair de cima da mesa o regresso dos debates quinzenais”.

Nesta entrevista ao Expresso, Miranda Sarmento contou que este processo foi longo, de muita negociação.

E indicou que o modelo dos debates vai ter “pequenas diferenças”, embora ainda não esteja fechado. Falta definir ao certo a forma como o debate se desenrola, a duração, a forma de intervenção.

“Mas penso que hoje há uma grande abertura, mesmo por parte do PS, para que isso aconteça”, reforçou.

O anúncio deste regresso surge numa fase em que as questões à volta do Governo de António Costa se multiplicam, devido às sucessivas demissões.

Aliás, Miranda Sarmento disse que o PSD esteve sobretudo preocupado com o regresso dos debates “e que o formato permitisse verdadeiramente um debate: colocar questões ao primeiro-ministro, ele responder e depois o mesmo partido poder voltar a intervir”.

E acredita que os debates quinzenais fazem mais sentido em Governos de maioria absoluta.

Sem berrarias e Chega

O líder parlamentar dos sociais-democratas assegura que não há divergências internas profundas dentro do PSD.

Em relação aos seus primeiros tempos enquanto líder do PSD no Parlamento, Miranda Sarmento recordou: “Eu disse, desde o primeiro dia, que não contassem comigo para berrarias, para números muito teatrais, nem para truques ou mensagens que depois o ‘Polígrafo’ vem dizer que não são verdade. Há outros actores políticos que fazem disso a sua marca identitária”.

“Admito que possa ir melhorando na forma, mas a minha postura é trazer os temas relevantes, debatê-los com o primeiro-ministro e mostrar a falta de acção do Governo e as nossas propostas para resolver os problemas” completou.

Em relação a um eventual acordo pós-eleitoral com o Chega, a resposta centrou-se em especulações. Mas sem esclarecer o que fará o partido nesse caso.

“Isso é especular sobre matérias que desconhecemos e é colocar o centro da discussão numa matéria que, neste momento, não é relevante”.

Em relação à solução encontrada nos Açores, onde o PSD governa com acordos com Chega e Iniciativa Liberal, Miranda Sarmento deixa elogios: “Faço uma avaliação muito positiva do trabalho e do mérito do governo do José Manuel Bolieiro”.

O deputado admite que a Operação Vórtex (Espinho) foi um “abalo” mas o PSD está a ser “goleado muito mais do que 15-0” pelas “dezenas de casos” do Governo e do PS.

ZAP //

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