Debate com todos na rádio: pecado, maquilhagem e tensão à volta do “comunista” Ventura

Montenegro e Pedro Nuno acreditam que vão ganhar no dia 18 – Ventura também. Houve momentos “quentes” com Sousa Real e Raimundo.

Os líderes de partidos/coligações com pelo menos um deputado voltaram a estar juntos. Horas depois do debate na RTP, o debate nas rádios Antena 1, Renascença, TSF e Observador.

A Spinumviva, origem destas eleições antecipadas, voltou a abrir a conversa, com Luís Montenegro a rejeitar que tenha feito um “pecado capital” nesse assunto. Garante que houve “transmissão legal” à família, quando passou a ser primeiro-ministro.

Pedro Nuno Santos repetiu que temos um “primeiro-ministro que não pode ter interesses particulares” e que “não tem idoneidade para o cargo”. E que o primeiro-ministro vai “continuar a ser “fonte de instabilidade” se vencer estas eleições antecipadas.

Rui Tavares, do Livre, disse que a Spinumviva “continua como um veículo de influência”, sugerindo que Montenegro deixe a empresa com uma gestão independente enquanto estiver no Governo – até porque pode colidir com questões como fiscalização da publicidade do jogo online (Solverde).

Tensões

Inês Sousa Real, do PAN, ao falar sobre a Justiça, comentou que “a extrema-direita também tem pessoas a ser julgadas” e “André Ventura começa o dia (hoje) com Cristina Rodrigues a ser julgada“. Disse que o presidente do Chega deveria ter “limpado” a bancada parlamentar do seu partido: “Tivemos uma dissolução e só por isso é que possivelmente foram afastadas.”

Aqui começou a criar-se um evidente momento de tensão entre Ventura e Sousa Real. O deputado do Chega disse que a deputada do PAN estava a fazer-se de vítima e que tem “inveja” em relação a Cristina Rodrigues por não conseguir eleger tantos deputados como o Chega.

“Não minta!”, dizia Inês de Sousa Real, que lembrava que o PAN não apresentou uma queixa contra Cristina Rodrigues, mas sim contra desconhecidos. Ventura lembrava que Hugo Alexandre Trindade (do PAN) foi acusado de assédio laboral: “Está a brincar com quem? Antes de ser moralista, tem de ter uma bancada“.

Os atropelos nos discursos continuavam entre os dois (e repetiram-se mais tarde), algo que originou intervenções dos moderadores das rádios, apelando ao silêncio; mas sem grande sucesso.

Pedro Nuno Santos repetiu que o PS deu condições para Luís Montenegro governar. Mas aí começou um momento de picardia entre os dois, com o socialista a interromper constantemente o líder da AD: “Pedro Nuno Santos apareceu sereno nos debates até esta semana, agora está nervoso. Olhem, e não pára, não pára (de interromper). O verdadeiro Pedro Nuno Santos apareceu. Era tudo maquilhagem“, avisava Montenegro. Pedro Nuno ia repetindo: “Não faça esse número”.

Outros dois momentos de tensão voltaram a envolver André Ventura. Primeiro com Paulo Raimundo, à volta de propostas do Chega sobre melhorias de condições para polícias, profissionais de saúde ou trabalhadores por turnos – chumbadas pelo PCP. “De manhã são umas propostas, à tarde são outras, à noite são outras. Não alimentamos troca-tintas nem mentiras!“, reagiu o líder do PCP, que evocou novamente o “nheca-nheca” que já tinha sido mencionado no debate entre os dois.

Rui Rocha esteve a ouvir com atenção esta troca de argumentos directa entre Ventura e Raimundo e deixou a sua análise: “André Ventura lamenta não ter o apoio do PCP para as suas políticas. Diz bem o tipo de políticas que tem para o país. Eu já disse que André Ventura é um socialista intrinsecamente. Agora percebo que até estava a ser manso: é mesmo comunista“.

Quem ganha

Luís Montenegro, que não quer eleições todos os anos, nem sequer equaciona perder nestas eleições: “Não equaciono. Não significa falta de humildade, mas todos os indicadores que temos não tornam isso possível”.

Pedro Nuno Santos também só pensa num cenário: o PS está “concentrado em ganhar as eleições”. E não dá valor nenhum a sondagens – que em 2022 davam empate técnico entre António Costa e Rui Rio e há um ano colocaram o PS longe da AD.

Mas também André Ventura diz que vai ganhar as eleições. Se for preciso votar a favor do programa da AD, não revelou se vai ceder; mas não aprova um programa de um Governo do PS: “Estaria completamente louco.”

Rui Tavares espera que a direita não consiga uma maioria constitucional: ou seja, ter no mínimo dois terços dos deputados na Assembleia da República.

ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.