Debate no Brasil marcado pela corrupção, fome e covid. Marcelo foi citado

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Joedson Alves / EPA

Jair Bolsonaro, Presidente do Brasil

Jair Bolsonaro, Presidente do Brasil

Bolsonaro chama ex-presidiário a Lula e Lula diz que Bolsonaro destruiu o país. Atual Presidente é “tchutchuca com homens e tigrão com mulheres”.

Lula da Silva, Jair Bolsonaro e outros quatro candidatos à presidência do Brasil debateram a fome, a corrupção, o combate à covid e o respeito às mulheres, no primeiro debate eleitoral, segundo noticia o Diário de Notícias.

Bolsonaro referiu-se a Lula como “ex-presidiário”, com Lula a defender que apenas foi preso “para que Bolsonaro pudesse ser eleito”, dando o tom a uma campanha que se prevê ser turbulenta, com um cenário de violência política.

O debate conduzido TV Bandeirantes teve a presença dos seis candidatos, de um total de 12, de partidos com assento parlamentar, nomeadamente, Ciro Gomes (PDT), de centro-esquerda, Simone Tebet (MDB), de centro-direita, Soraya Thronicke (União Brasil), de direita, e Luiz Felipe d”Ávila (Novo), da direita liberal, além de Bolsonaro, de extrema-direita, e Lula, de centro-esquerda.

Bolsonaro e Lula começaram a atacar-se mutuamente, logo no início do debate. “O seu governo foi feito à base da cleptocracia, o seu governo foi o mais corrupto da história do Brasil”, acusou Jair Bolsonaro. “O país que eu deixei é o país de que as pessoas têm saudades, o país que você destruiu“, defendeu Lula.

Ciro Gomes acusou Bolsonaro de dizer várias “aberrações”. “A última foi dizer que neste país não há fome”. Simone Tebet também criticou o atual chefe de Estado: “não vi o presidente pegar na moto dele e visitar um hospital e consolar uma mãe”.

Marcelo Rebelo de Sousa foi citado no debate como exemplo — “deu aulas na TV pública, enquanto a TV pública brasileira só fez campanha pelo presidente”, sublinhou Soraya Thronicke.

A redes sociais estavam animadas com uma briga nos bastidores, entre Ricardo Salles, ex-ministro do Ambiente de Bolsonaro, e o deputado André Janones, que passou de pré-candidato a apoiante de Lula

A briga gerou-se por uma frase proferida por Salles num Conselho de Ministros: “temos de aproveitar para deixar a boiada do desmatamento passar enquanto a opinião pública está distraída com a pandemia” — citada por Lula no debate.

Na segunda parte do debate, falou-se no tema da Bolsa Família, o programa social da Era Lula, e no Auxílio Brasil, o equivalente do governo Bolsonaro.

“O PT votou contra o Auxílio Brasil”, acusou Bolsonaro. “Não, votou a favor”, corrigiu Lula. “Votou a favor mas discursou contra”, acrescentou o atual presidente.

Vera Magalhães, da TV Cultura, questionou Bolsonaro sobre as vacinas contra a covid-19, deixando o atual chefe de Estado irritado.

“Você é uma vergonha para o jornalismo brasileiro”, criticou Bolsonaro, atacando depois a ação de Simone Tebet como senadora: “e você é uma vergonha para o Senado e não, não estou atacando mulheres não, não venham vitimizar-se”.

“Eu não tenho medo de si nem dos seus ministros”, respondeu Tebet, “e no Senado denunciei a vacina contra a covid que o senhor não quis comprar”.

“Quando homem é tchutchuca [submisso] com homem e tigrão [agressivo] com mulher eu fico irritada mesmo”, acrescentou ainda Thronicke.

Lula e Ciro trocaram depois comentários sobre a eventual união entre as esquerdas que representam. “Eu nunca me ofendo com o Ciro, quem sabe a gente ainda vai conversar”, atirou Lula. “O Lula é encantador de serpentes, apela ao pessoal, mas isto não é pessoal, ele corrompeu-se e eu atribuo a eleição ao Bolsonaro, que não veio de Marte, ao PT”, respondeu Ciro.

“Quando ele quer jogar nas minhas costas a eleição desse cidadão, eu só digo que não fui eu que fui para Paris para não votar no [Fernando] Haddad”, a propósito da viagem de Ciro entre a primeira e a segunda voltas da eleição de 2018. “E sobre corrupção, eu fui absolvido dos 26 processos”, concluiu Lula.

Na terceira parte do debate, Tebet perguntou a Bolsonaro por que é que ele “tem tanta raiva das mulheres”. O atual Presidente desmentiu a acusação, elogiando a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e duas bolsonaristas adeptas de cloroquina durante a pandemia. “Eu sei que grande parte das mulheres do Brasil me amam, chega de vitimismo, somos todos iguais”, concluiu.

Thronicke focou-se depois num ataque a Lula: “Não vi nada do que o senhor fala, esse país só existe no seu tempo de antena, os seus economistas estão todos mofados”. “A senhora não viu mas o seu motorista viu, o seu jardineiro viu, a sua empregada doméstica viu”, defendeu Lula.

Em relação à covid-19, Tebet lembrou que “houve corrupção no combate covid”, no governo Bolsonaro. “Tentaram pagar 45 milhões de dólares num paraíso fiscal por uma vacina sem comprovação científica, quem esconde por 100 anos alguma coisa é porque tem alguma coisa a esconder”.

Nas declarações finais, Bolsonaro destacou o apoio de Lula aos regimes de Hugo Chávez, na Venezuela, e ao dos Kirchner, na Argentina, enquanto o antigo presidente lembrou feitos económicos do seu governo.

ZAP //

3 Comments

  1. Tanto o Lula como o Bolsonaro deviam ter aulas de dicção. Muitas das vezes não se percebe o que eles dizem. O Ciro Gomes já tem um discurso mais bem articulado, já se percebe o que ele diz.

  2. Parece que faltou perguntar ao dr. capitão sobre as negociatas dos filhos, sobre os esquemas com as vacinas, a gestão da covid, e muitas outras coisas. Tantas que nem seria possível mencioná-las todas aqui neste espaço.

  3. Coitado do Brasil! Será que precisa de chegar ao extremo de colocar um corrupto e ex-presidiário na presidência da República? Continua a pobreza e tristeza brasileira. Por isso é que o povo continua a fugir do Brasil.

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