Brasil. Eleições com resultado previsível após campanha onde a violência parece inevitável

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Hedeson Alves / EPA

Lula da Silva na saída da prisão

As sondagens para as eleições brasileiras – marcadas para 02 de outubro – continuam a colocar o ex-Presidente Lula da Silva à frente, com quase 70% da intenção de voto. O atual chefe de Estado, Jair Bolsonaro, é o segundo favorito.

Para o politólogo Cláudio Couto, ouvido pelo Público, numa potencial segunda volta Lula deverá conquistar a presidência. “Emoção mesmo só vamos ter nas eleições estaduais”, disse o especialista.

Bolsonaro perdeu o apoio de 2018, com o Governo a ter uma avaliação negativa de 45% e uma taxa de rejeição de 50%. Entre março de 2020 e fevereiro de 2022, o número de famílias em situação de pobreza extrema passou de 13,5 milhões para 17,5. Mais de 33 milhões de brasileiros não conseguem comer uma refeição por dia.

“Se as pessoas não têm emprego, a inflação está alta, os negócios estão a ir mal, é normal que a economia seja colocada em primeiro lugar”, disse Cláudio Couto, professor da Fundação Getúlio Vargas.

“Houve uma certa frustração de grande parte da cidadania com os chamados heróis da luta anticorrupção”, observou referindo-se principalmente ao ex-juiz federal e ex-ministro da Justiça, Sergio Moro.

Nas sondagens, o terceiro lugar tem sido ocupado pelo ex-governador do Ceará, Ciro Gomes, mas sem nunca ultrapassar o patamar dos 10%. Mas a presença de dois candidatos com a envergadura de Bolsonaro e Lula deixa pouco espaço a alternativas competitivas, constatou a politóloga Maria Hermínia Tavares.

“Um é o Presidente, e o incumbente tem sempre vantagem, tem máquina; o outro é um ex-Presidente que saiu [do cargo] com 80% de aprovação e que foi candidato de 1989 até 2010″, indicou a investigadora do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap).

Por outro lado, os dados também mostram que tanto Lula como Bolsonaro continuam a surtir uma forte rejeição junto de alguns sectores do eleitorado. As sondagens, contudo, mostram que Lula pode ser eleito sem necessidade de uma segunda volta.

O receio é que a disputa numa segunda volta produza um cenário em que Bolsonaro encontre condições para contestar uma hipotética derrota nas urnas. “O Presidente já demonstrou o que quer fazer: ele vai deslegitimar o resultado eleitoral, ou mesmo a eleição antes do resultado”, notou Maria Hermínia Tavares.

Ainda ao Público, Cláudio Couto considerou que o cenário da violência no país “é muito preocupante”, podendo durar até à tomada de posse, a 01 de janeiro de 2023. “O risco maior que corremos hoje é o de uma onda de violência política, mais até do que de um golpe”, afirmou.

“A violência política acaba por ser algo natural numa situação em que temos um movimento político com as características do ‘bolsonarismo’, que, além de ser de extrema-direita, é um movimento que faz o culto simbólico da violência”, disse.

O que “o Presidente faz é estimular essa ala mais maluca e agressiva [entre os seus apoiantes]”, referiu Maria Hermínia Tavares.

Cláudio Couto não exclui que apoiantes da oposição a Bolsonaro possam ter igualmente reações violentas, mas, ainda assim, devem ser “menos numerosos e menos agressivos” do que os apoiantes da extrema-direita.

Atualmente, há 4,4 milhões de armas de fogo entre civis no Brasil, um número que ultrapassa a quantidade de armamento disponibilizado pelas várias forças de segurança do país, de acordo com dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

ZAP //

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5 Comments

  1. Acreditar em pesquisas eleitorais de institutos cujos diretores são esquerdistas é a mesma coisa que acreditar que papai Noel existe.

  2. Sou bem curiosos a respeito de porquê o Bolsonaro é tão ruim, será devido a fazer as estatais pararem de perder dinheiro e darem lucro?, será porque diminuiu a verba com publicidade? será porquê diminuiu o dinheiro distribuído à artistas famosos, será porque diminuiu o lucro dos bancos em 40 mil milhões de reais, será porque finalizou centenas de obras paradas, será porque pela primeira vez a economia do Brasil ficou maior que a economia do resto da América latina somada, será que é pela primeira vez que a inflação do Brasil será menor ou igual ao dos EUA, ou será que pela primeira vez teremos deflação, acho que é porque a gasolina no Brasil reduziu para abaixo de 1 dólar americano, ou talvez seja porque pela primeira vez desde que eu estou vivo (56 anos ) o Brasil reduziu impostos, Tenho mais para falar mas cansei, mas acho que dá para ver que esse cara é muito ruim mesmo..

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