Tiago Petinga / Lusa

Os partidos ADN, RIR, JPP, Nova Direita, PCTP/MRPP, Volt, Ergue-te, MPT, PTP, Nós Cidadãos, PPM e PLS estiveram em debate esta terça-feira. Afinal, o que têm de diferente em relação aos partidos com assento parlamentar?
Os 12 partidos sem representação na Assembleia da República estiveram, esta terça-feira, em debate na RTP.
Naquele que foi o derradeiro dos debate televisivos de pré-campanha para as eleições legislativas antecipadas de 18 de maio, importou saber o que distingue estes partidos chamados “mais pequenos” daqueles que já estão no Parlamento.
Este foi, precisamente, a sugestão inicial do moderador Carlos Daniel, que pediu a cada um dos representantes que explicasse o essencial da proposta política.
Afinal, o que têm de diferente em relação aos partidos com assento parlamentar?
ADN
Joana Amaral Dias, do ADN, começou por dizer que tem como objetivo denunciar situações da sociedade portugueses, como por exemplo a Assembleia da República ter-se tornado um local de crime.
Baseando-se no exemplo da queda dos últimos Governos – liderados por António Costa e Luís Montenegro – a candidata afirmou que Portugal é um país corrupto.
Durante o debate, Joana Amaral Dias defendeu acabar com os abortos “sem qualquer justificação clínica”, e a “mulheres de fora”, que vêm a Portugal fazer esses procedimentos.
“Nem mais um cêntimo para estrangeiros e imigrantes, enquanto houver portugueses a passar fome ou frio”, afirmou. “Portugal aos portugueses e sempre os portugueses primeiro – esse é o lema do ADN”
RIR
Márcia Henriques do RIR diz ter cada vez mais a certeza de que o partido que lidera representa quem ainda não se sente representado. Quer atrair o indecisos, destacando que as suas propostas põem as pessoas no centro das preocupações.
A candidata apontou a falta de gestão na saúde e educação – e sugere que quem toma decisões não se pode olhar apenas para os “negócios de alguns”.
Sobre a habitação, o RIR quer agir, ao mesmo tempo tanto no lado da oferta – não castrando quem arrenda ou vende casa – e da procura – aumentando os rendimentos das pessoas.
JPP
Filipe Sousa deixou bem claro que a grande missão do JPP “é a Madeira e os madeirenses. “É por eles que aqui estou”.
No entanto, o partido madeirense propõe-se a melhorar as condições de vida dos portugueses – “não só das ilhas geográficas, mas sim das ilhas que compõem Portugal no seu todo, como os jovens”.
Nova Direita
Júlio Gourgel Ferreira destacou, logo no início, que a família deve ser base da sociedade. No entanto, considerou que as as famílias estão hoje a ser esmagadas pela carga fiscal.
“Esta é uma oportunidade para mudar o paradigma”, apelou. A Nova Direita prioriza a criação e distribuição rápidas de riqueza – e afirmou que se deve dar sempre prioridade às famílias portuguesas
PCTP/MRPP
O já habitual nestes debates João Pinto assumiu que “não há novidade nenhuma em relação às propostas do passado”. O candidato do PCTP afirmou que “o que tem de se fazer é a Revolução Comunista”.
Outras das “necessidades absolutas” do partido é cortar com a UE. Quanto à Defesa: “Se o país investir na Guerra, a Educação e a Saúde vão sair prejudicadas”.
O candidato propõe também eliminar todos os impostos que existem e criar um único imposto sobre a riqueza – e não permitir que quem pode pagar impostos lhes fuja.
Volt
Duarte Costa afirmou que o Volt é o partido que representa, verdadeiramente, a nova classe de política – com uma nova energia e uma nova ambição.
Apelando sempre uma “renovação política, mas ao centro”, Duarte Costa explicou que o partido ocupa o espaço entre o PS e o PSD. O objetivo é “trazer um partido novo entre o PS e o PSD, com uma nova classe política (…) que quer dizer reforçar o centro, sem ir para os extremos”.
Falando sobre propostas concretas para a saúde, o Volt diz que todas as pessoas precisam de ter garantias de que têm acesso ao SNS. E como resolver? “Valorizar os profissionais de saúde; formação contínua e financiada pelo SNS; condições de trabalho mais dignas; propõem que médicos tarefeiros (sem especialidade) possam exercer nos pontos mais críticos”, enumerou.
Duarte Costa destacou também o propósito pró-Europa do Volt, apelando a preservação da UE.
Ergue-te
Rui Fonseca e Castro começou o debate com um tom autoritário, afirmando que os “portugueses estão a ser escorraçados da sua terra, das suas ruas, e das suas cidades”. O ex-juiz afirmou que, com ele, “Lisboa vai tornar a ser alfacinha”.
Para a saúde, o líder do Ergue-te propõe “acabar com o ócio, o RSI, o apoio a imigrantes e à comunidade LGBT para pagar melhor aos médicos”
Rui Fonseca e Castro afirmou ainda querer deportar todos os imigrantes que não estão a trabalhar, mesmo que estejam legais em Portugal.
MPT
Hélder Rodrigues começou por enaltecer que o MPT (fundado em 1993) é um dos fundadores da democracia. Enalteceu também que foi o primeiro partido a falar de ambientalismo e desenvolvimento sustentável.
Este ano, o partido só se candidata na Madeira e nos Açores; uma vez que, no continente e fora de Portugal, apoia a AD (embora não faça parte da coligação).
O candidato falou na Felicidade Interna Bruta, para dizer que “a grande riqueza do país são as pessoas, que têm de viver num ambiente saudável” – e um dos objetivos do partido influenciar as políticas da AD nesse sentido.
PTP
Raquel Coelho do PTP, que só concorre na Madeira, disse que é urgente que se faça uma reflexão do estado do país, desde o 25 de abril para cá. A candidata considerou que PS e PSD tem levado o país à degradação completa do sistema político.
Na visão, de Raquel Coelho, as pessoas estão a afastar-se da política porque “consideram que é um grande lamaçal, porque há a ideia de que os políticos se querem servir e não querem servir o país”.
O objetivo do PTP é fazer uma crítica ao sistema político e judicial – “não pode haver ações judiciais que originam eleições e depois não há consequências nenhumas”, apontou a candidata madeirense.
Raquel Coelho acusou ainda Alberto João Jardim de ter deixado um clima anti-democrático na Madeira, onde “o PSD é um grande polvo, com a ajuda do poder económico, e já começa a controlar o poder judicial”
Nós Cidadãos
Joaquim Rocha Afonso destacou que há mais elevação neste debate dos pequeninos do que no dos grandes – uma vez que, considerou, “os pequeninos propõem soluções sensatas, concretas, objetivas, pragmáticas”.
“A “gente” que nos desgoverna há tanto tempo tem de pôr a mão na consciência, porque é mais aquilo que os une do que aquilo que os separa”, acrescentou o candidato do Nós Cidadãos, que “quer mudar o sistema por dentro”.
Rocha Afonso queixou-se, depois, de ser boicotado por toda a comunicação social, considerando que tem menos oportunidade de demonstrar que lidera um “partido diferenciado (…) que nem faz parte da esquerda nem da direita”
O Nós Cidadão que dar iguais oportunidades a todos: “existe um défice democrático assustador em Portugal (…) Constituição não está a ser cumprida”, acusou.
PPM
Paulo Estevão do PPM (que desta vez ficou foram da coligação AD), afirmou que é um escândalo em Portugal não haver círculos de compensação: “Quase um quarto dos votos dos portugueses é desperdiçado”.
O candidato esteve sempre muito interventivo e sublinhou ser um homem de lutas e de causas: “já fiz uma greve de fome de 12 dias”.
No plano judicial, Estevão sugere regular as queixas anónimas, que “são agora uma bandalheira”; bem como acabar com as escutas “à balda (…) que fazem lembrar o Estado Novo”.
O PPM propõe ainda reduzir impostos no interior do país, para atrair/fixar pessoas.
PLS
José Cardoso, do estreante Partido Liberal Social (PLS), explicou que a estratégia do partido é assente em cinco áreas e 12 medidas paradigmáticas.
O ex-militante da IL destacou como prioridade reforçar a justiça; renovar o sistema eleitoral; reformar a escola, dinamizando e impulsionando as pessoas para as suas potencialidade “e não para a memória”.
José Cardoso garante que o partido constituído a 11 de março (precisamente no dia em que o Governo caiu) tem uma visão estratégica para o país e menos um somar de propostas, “que já há muitas”.
Devia-se notar que este debate foi muito melhor do que o debate entre os partidos com representação parlamentar. Mais decoro, alguma ideias muito interessantes, o que nos deixou a impresão de que pelo menos alguns desses partidos mereciam estar na AR. Talvez se devesse pensar em integrar na AR um deputado de cada um dos partidos que não tenha conseguido os votos para eleger normalmente um deputado. Estes deputados seriam supranumerários – para além do número normal de deputados – mas podendo fazer propostas de lei. Julgo que o país beneficiaria da sua integração na AR, mesmo os partidos mais radicais, por muito que algumas das suas ideias nos incomode.