Cúmplice “com poder” no Millenium BCP ajudou bancária que caiu ao mar na Ericeira a desviar milhões

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Raquel Godinho

“Avultados levantamentos em numerário que Raquel fez durante mais de dois anos, só seriam possíveis de realizar com autorizações internas”, diz advogado dos lesados.

A bancária do Millennium BCP da Ericeira que morreu após cair ao mar, de carro, onde seguia com a mãe e os dois filhos menores, terá desviado milhões de euros das contas de vários clientes com a ajuda de um cúmplice dentro da hierarquia do banco.

Durante mais de dois anos, Raquel Godinho movimentou indevidamente grandes somas de dinheiro, levantando numerário em operações que só seriam possíveis com autorizações internas, defende Pedro Proença, advogado de cinco dos lesados.

“Os avultados levantamentos em numerário que a Raquel fez durante mais de dois anos, só seriam possíveis de realizar com autorizações internas. A Raquel não conseguia fazer estas movimentações sozinha, teve de ter uma password, disponibilizada pela informática, e que lhe terá sido dada por alguém com poderes dentro da dependência da Ericeira ou fora dela”, diz o advogado ouvido pelo Correio da Manhã.

“Essas pessoas também tinham a obrigação de supervisionar e não o fizeram”, realça o advogado.

O esquema envolvia também a abertura de contas de titulares brasileiros que nunca vieram a Portugal, o que terá levantado suspeitas de redes de imigração ilegal.

Millennium continua em silêncio

Apesar de o desfalque ter sido tornado público há quase um ano, o Millennium BCP ainda não deu explicações claras.

Os lesados, que perderam quantias avultadas, decidiram avançar judicialmente. O processo está a decorrer no DIAP de Mafra, mas nenhum dos lesados foi ainda ouvido pelo Ministério Público. O banco ressarciu apenas alguns clientes que conseguiram provar as fraudes, e está a investigar a autenticidade das assinaturas dos documentos apresentados por outros clientes.

Internamente, o banco já efetuou várias alterações de pessoal. Artur Domingues, o gerente à data dos acontecimentos, foi substituído por Eugénia Afonso, e Nuno Canaveira, antigo subgerente, também foi despromovido.

A bancária era suspeita do desvio de, pelo menos, três milhões de euros das contas de dezenas de clientes. Entre os lesados estão construtores de obras, mas também donos de restaurantes e cafés, ou simples clientes sem actividade comercial.

Tragédia tem quase 1 ano

O escândalo foi descoberto em dezembro do ano passado, e no dia seguinte, num ato trágico, Raquel, acompanhada pela mãe e pelos dois filhos, terá conduzido o carro em direção ao mar no cabo Raso, em Cascais.

As duas mulheres morreram, enquanto os filhos da bancária de 45 anos, de 13 e 16 anos, sobreviveram ao incidente.

 

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