Culpados ocultos: células hiperativas ligadas à diabetes

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Quando hiperativas, células quimiorreceptoras junto da carótida estão fortemente associadas a risco acrescido de doenças cardiovasculares e de mortalidade. Tratamento com oxigénio diminuiu a atividade, mas não conseguiu melhorar a função metabólica em doentes com diabetes.

Uma equipa de investigadores da Universidade do Missouri está a estudar terapias que visam células específicas associadas a doenças cardiovasculares e metabólicas, incluindo hipertensão arterial e diabetes tipo 2.

O seu estudo mais recente, publicado em agosto na The Journal of Physiology, centra-se num conjunto de células quimiorreceptoras localizadas perto da artéria carótida no pescoço.

Estas células, quando hiperactivas, estão fortemente associadas a um risco acrescido de doenças cardiovasculares e de mortalidade.

Uma vez que estes quimiorreceptores detetam os níveis de oxigénio no corpo, os investigadores estão a explorar se o ajuste dos níveis de oxigénio pode influenciar a atividade dos quimiorreceptores, melhorando potencialmente a saúde cardiovascular e metabólica.

“Existem estudos empolgantes em ratos que mostram que a remoção desses quimiorreceptores quando eles se tornam hiperativos pode melhorar problemas como pressão alta e açúcar elevado no sangue”, disse Jacqueline Limberg, investogadora da Universidade do Missouri e primeira autora do estudo, em comunicado da universidade.

Antes de considerarmos removê-los completamente nos pacientes, teorizamos que altas doses de oxigénio podem reduzir ou ‘desligar’ a atividade dos quimiorreceptores, melhorando assim os resultados de saúde”, acrescenta Limberg.

Participaram no estudo 37 pessoas, divididas em dois grupos; 17 pessoas tinham diabetes tipo 2, e o grupo de controlo analisou 20 pessoas sem diabetes.

Os autores do estudo descobriram que os quimiorreceptores periféricos estavam de facto hiperativos nos adultos com diabetes, estando o nível mais elevado de atividade associado aos doentes com níveis mais elevados de açúcar no sangue.

Depois de entrar em hiperóxia — estado em que uma pessoa é exposta a níveis elevados de oxigénio — a atividade dos quimiorreceptores diminuiu, juntamente com a frequência cardíaca, a pressão arterial e o número de respirações por minuto.

O efeito, no entanto, não diferiu entre os dois grupos. Além disso, não houve impacto na tolerância à glicose ou na sensibilidade à insulina.

“O objetivo deste estudo era compreender como os quimiorreceptores periféricos afetam as consequências cardiovasculares e metabólicas da diabetes tipo 2″, afirmou Camila Manrique-Acevedo, professora de medicina e coautora e do estudo.

“Compreendemos agora que uma sessão de hiperóxia não melhora imediatamente a função. Esta informação permite-nos concentrar a nossa atenção noutras terapias que se revelam promissoras para os doentes com diabetes de tipo 2″, conclui a investigadora.

ZAP //

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