Não se metam com Marte. O planeta tem uma “dura couraça”

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NASA/Goddard/UMBC/MIT/E. Mazarico

Mapa da espessura da crosta de Marte

A crosta de Marte é muito mais espessa do que a da Terra; e também “vence” a da Lua. A dicotomia marciana foi reforçada neste estudo.

Um sismo de magnitude 4,6 na escala Richter seria algo vulgar no planeta Terra. Até em Portugal ocorrem muitos sismos nesse nível.

Mas um sismo de magnitude 4,6 em Marte ganha outra escala: é o maior sismo detectado no planeta.

A sonda InSight da NASA captou esse momento, em Maio do ano passado, e verificou que a crosta de Marte é muito mais espessa do que a da Terra.

O sismo enviou fortes ondas sísmicas que viajaram ao longo da superfície de Marte. Algumas ondas de superfície circundaram Marte três vezes, lê-se em comunicado publicado no EurekAlert!.

“Tivemos a sorte de observar este sismo. Na Terra, teríamos dificuldade em determinar a espessura da crosta terrestre usando a mesma magnitude do sismo que ocorreu em Marte. Embora Marte seja menor do que a Terra, transporta energia sísmica com mais eficiência”, explicou um dos investigadores, Doyeon Kim.

A crosta de Marte tem uma espessura de entre 42 e 56 quilómetros em média; mas chega ao extremo de, numa zona, ter uma crosta com 90 quilómetros de espessura. No ponto menos espesso, são 10 quilómetros de extensão.

A crosta terrestre fica-se entre os 21 e os 27 quilómetros; e a crosta de Marte consegue igualmente ser mais espessa do que os 34-43 quilómetros da crosta da Lua.

A crosta de Marte é como uma “dura couraça”, algo mesmo muito forte, avisa o portal Space.

Outra conclusão importante deste estudo: a diferença entre os dois hemisférios de Marte. No norte reinam as planícies planas, no sul há essencialmente planaltos elevados.

É a denominada “dicotomia marciana”.

Mas a densidade da crosta nas planícies do norte e nas terras altas do sul é semelhante. E os materiais são semelhantes.

Além disso, os astrónomos verificaram que o calor emitido no interior de Marte surge através de materiais radioactivos, como tório, urânio e potássio. Entre 50% e 70% desses elementos estão na crosta marciana.

As diferenças de espessura da crosta em Marte podem explicar porque há regiões locais do planeta sob as quais processos de fusão ainda podem estar a ocorrer: esses pontos quentes também abrigariam mais materiais radioactivos geradores de calor.

ZAP //

2 Comments

  1. “A crosta terrestre fica-se entre os 21 e os 27 quilómetros; e consegue ser mais espessa do que os 34-43 quilómetros da crosta da Lua.” Há uma irremediável contradição nesta frase!

    • Bom dia.
      O que “consegue ser mais espessa” do que a crosta da Lua é a crosta de Marte – esta frase é a continuação da ideia do parágrafo anterior.
      Mesmo assim, a frase foi alterada, para evitar confusões.
      Obrigado.

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