Criticar as autoridades é um pecado grave, decretou o líder islâmico do Tajiquistão

veni markovski / Flickr

As muitas faces do Tajiquistão

As muitas faces do Tajiquistão

O líder islâmico do Tajiquistão decretou hoje uma fatwa, ou decreto religioso, segundo o qual, qualquer crítica às autoridades desta ex-república soviética da Ásia Central passa a ser considerado um “pecado grave”.

“O centro islâmico do Tajiquistão aprovou uma nova fatwa especial, segundo a qual críticar os poderes dominantes é considerado um grande pecado”, disse o mufti Saidmukarram Abdulkodirzoda.

A crítica mina a confiança nas autoridades”, advertiu.

O mufti, a mais alta autoridade religiosa do país, emitiu a fatwa durante o sermão de sexta-feira na principal mesquita na capital.

A AFP cita especialistas religiosos tajiques, segundo os quais a fatwa foi acordada com as autoridades daquela ex-República soviética da Ásia Central e que os muçulmanos moderados não irão obedecer.

A oposição moderada islâmica do Partido Revivalista do Tajiquistão, afirmou que a fatwa foi “ditada pelas autoridades” do país muçulmano de 8,5 milhões de habitantes, essencialmente sunita, e que é oficialmente um regime secular.

Um jornalista de um jornal de oposição, que pediu para não ser identificado, afirmou que “os líderes religiosos oficiais querem coser a boca aos jornalistas, que se querem expressar livremente, num país que é laico e democrático“.

“Agora é perigoso dizer a verdade. Ao que estamos a chegar?” – questionou retoricamente o jornalista à agência noticiosa francesa.

O mufti advertiu ainda os muçulmanos de que não devem fazer contactos com organizações ou meios de comunicação internacionais, que, segundo ele, “ameaçam a estabilidade do país e do mundo.”

“Aqueles que pedem e se envolver no incitamento de pessoas contra as atuais autoridades sofrerão o castigo de Deus”, sentenciou.

Segundo a AFP, as autoridades do Tajiquistão estão alarmadas com a radicalização dos jovens muçulmanos, com uma situação de desemprego generalizado no país, a mais pobre ex-República soviética.

No ano passado, cerca de 100 pessoas foram detidas, das quais seis foram presos, depois de terem participado em treinos no estrangeiro com grupos radicais.

/Lusa

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