11 crises humanitárias que precisam da nossa atenção (e ajuda) em 2023

O Gabinete para Assuntos Humanitários da ONU divulgou documento em que aponta 11 crises humanitárias que não podem ser esquecidas em 2023, ao redor de todo o mundo.

Segundo a entidade, atualmente, 230 milhões de pessoas vivem em situação de emergência, em 68 diferentes países, e precisam de ajuda imediata de toda a sociedade.

Eis as 11 principais crises, listadas pela ONU, antes do terremoto do início do ano, que impactou Turquia e Síria.

1. CORNO DE ÁFRICA

Uma crise climática gravíssima atinge a região, que entre outros desafios apresenta uma seca contínua na Etiópia, Quénia e Somália. São, pelo menos, 36,4 milhões de pessoas em estado de emergência. Dessas, 26 milhões ainda vivem em situação de insegurança alimentar aguda.

2. HAITI
O país enfrenta aumento da violência e da turbulência política, além da inflação crescente e do terceiro ano consecutivo de recessão económica. Gangues armados controlam vias de acesso estratégicas no país e cometem crimes gravíssimos contra a população, como violência sexual e de género em larga escala, forçando comunidades inteiras a fugir. Quase metade da população passa fome.

3. REGIÃO DO SAHEL

Uma grave crise climática, com secas prolongadas que impossibilitam a agricultura e a pecuária, atingem a região, que também sofre com a violência.

Os constantes conflitos armados levam os serviços de educação, saúde e água – que já são fracos – a serem constantemente interrompidos. Segundo projeções da ONU, o número de pessoas que precisam de assistência humanitária urgente na região saltará de 3 milhões, em 2022, para 37,8 milhões em 2023.

4. AFEGANISTÃO

Seca, declínio económico e a tomada de poder pelo Talibã, desde agosto de 2021, deteriorou completamente os direitos humanos no país, que continua a sofrer ataques de grupos armados não-estatais.

O Afeganistão é hoje um dos piores lugares do mundo para mulheres e meninas (sobre)viverem.

5. IÊMEN

Anos de conflito no país destroçaram a vida e os meios de subsistência da população. A guerra custou quase 113 mil milhões de euros ao Estado, levando a sua economia ao colapso.

A pobreza, a fome e as doenças continuam a crescer a um ritmo desenfreado, enquanto os sistemas de saúde e educação, entre outros serviços básicos, estão completamente colapsados.

6. SUDÃO DO SUL

Conflitos, violência contra a população – sobretudo de género – e colapsos climáticos colocam as pessoas – que já convivem com a extrema pobreza – em estado de extrema emergência.

Projeções da ONU mostram que dois terços da população do país serão fortemente impactados por uma grave insegurança alimentar entre os meses de maio e julho, quando ocorrerá o ápice da estação de seca.

7. NIGÉRIA

A Nigéria enfrenta uma complexa mistura de crises, incluindo insegurança e fome generalizada no nordeste do país, que gerou 2 milhões de deslocados internos, 4,4 milhões de pessoas com insegurança alimentar grave e 1,7 milhão de crianças com desnutrição aguda. Somado a tudo isso, o país viveu a sua pior inundação da década em 2022, que impactou de forma negativa 4 milhões de pessoas.

8. LÍBANO

Num cenário de paralisia política e governança enfraquecida, o Líbano enfrenta uma crise económica sem precedentes, que impacta toda a população, incluindo refugiados e migrantes sírios e palestinos.

São mais de 4 milhões de pessoas a precisar de ajuda para direitos básicos, como acesso à água potável e ao saneamento.

9. MIANMAR

A crise política sem precedentes instaurada no país limita o acesso da população a serviços vitais, como saúde e educação, e gera cada vez mais insegurança alimentar. Como consequência, os deslocamentos internos e a destruição de propriedades não param de crescer, a um ritmo assustador.

Segundo a ONU, metade das crianças em idade escolar do país – o que representa 4 milhões de meninas e meninos – está fora da escola há, pelo menos, dois anos.

10. SÍRIA

Com mais de 11 anos de conflito, a Síria é líder mundial no número de deslocamentos internos: são 6,8 milhões de pessoas que se deslocaram para fugir de situações que, de alguma forma, ameaçavam a sua vida.

Como consequência, o país tem a maior taxa do mundo de pessoas que precisam de ajuda já. Como a guerra continua, os indicadores humanitários e económicos pioram a cada dia, com serviços básicos à beira do colapso. Para pior tudo, um terremoto arrasou o noroeste do país em 6 de fevereiro, causando milhares de mortes e impactando, inicialmente, 25 milhões de pessoas.

11. REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO

26,4 milhões de pessoas – ou uma em cada quatro pessoas – precisam de assistência humanitária urgente no país. Em 2022, a desnutrição aguda atingiu 6,4 milhões de congoleses, principalmente crianças menores de 5 anos – um número que não diminui há 20 anos; só cresce.

Além disso, epidemias graves, como sarampo, febre amarela, cólera e malária, causam mortes todos os anos devido à infraestrutura precária, às restrições ao acesso à saúde e à baixa cobertura vacinal.

A República Democrática do Congo está hoje entre os países com as maiores taxas de mortalidade materna e infantil do planeta. No meio de todo esse cenário, os conflitos armados seguem no país. Os altos índices de violência sexual e violações contra crianças desencadeiam movimentos populares em massa, extremamente violentos. O país tem hoje o maior números de deslocamentos internos do continente africano: 5,7 milhões.

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