Crise política no Brasil: partidos escondem o “P” para enganar eleitores

Para tentar melhorar a imagem junto dos eleitores depois de tantos escândalos de corrupção, alguns partidos políticos brasileiros decidiram que não querem continuar a ser chamados “partidos” – e estão a mudar as suas siglas.

Atualmente, o Brasil tem 35 partidos registados na Justiça Eleitoral, sendo que três deles não possuem a palavra “partido” no nome oficial – os Democratas (DEM), a Rede Sustentabilidade (Rede) e a Solidariedade (SD). Já o Partido Novo dá-se agora apenas por “Novo”, assim como o Partido Social Liberal (PSL) que passou, recentemente, a apresentar-se como Livres. O tradicional Partido Trabalhista Nacional (PTN) mudou de nome para Podemos (PODE) e o Partido Trabalhista do Brasil (PTdoB) agora chama-se Avante.

Segundo a agência Sputnik, o cientista político Marco Antonio Carvalho Teixeira, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), descreveu essa tendência como inócua. De acordo com o cientista, o problema da crise política não tem a ver com os nomes que os partidos usam, mas com a incapacidade de responder às necessidades da população.

“A crise tem muito mais a ver com o papel que os partidos não desempenham do que com qualquer coisa relacionada com o nome do partido. Além disso, há um problema muito recorrente no Brasil: os partidos não têm cara. Foram perdendo características ideológicas que, de certa forma, permitiam ao eleitor identificar-se com os partidos, a partir da defesa de bandeiras mais claras”, comentou o especialista.

Os partidos que optam pela mudança de nome recusam-se a admitir que a ação seja uma pura jogada de marketing, argumentando que, na verdade, parte de um processo de modernização e reforma política. Mas, refletindo a opinião de Marco Antonio Teixeira, uma pesquisa realizada pela FGV de São Paulo no final do ano passado mostrou que apenas 7%  dos brasileiros confiam nas siglas partidárias.

“Não há, pelo menos muito claramente, qualquer perspectiva de mudança neste momento que justifique a mudança de sigla. A meu ver, é muito mais uma procura de diminuição do grau de desprestígio que a sigla do partido apresenta do que de apresentar uma alternativa concreta”, destacou o cientista político.

ZAP //

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