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Identificada a próxima crise em Portugal (já em 2024)

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O assunto é “muito sério”: depois da saúde e da habitação, “vamos ter a muito curto prazo a crise da água”, avisa o investigador Nuno Loureiro.

O Sul de Portugal está a ser cada vez mais afetado pela seca e, se não chover este ano, o país vai-se debater com uma “crise da água”, sobretudo no Algarve e no Alentejo, afirmou o investigador Nuno Loureiro.

“Por um lado temos a crise na saúde, que enche os noticiários no dia-a-dia, é dramática e é uma crise de falta de planeamento. Temos a crise da habitação, que agora está um pouco menos falada porque estamos ocupados com o que se passa na Palestina e na Faixa de Gaza, e vamos ter a muito curto prazo a crise da água”, afirmou o investigador da Universidade do Algarve (UAlg).

Nuno Loureiro advertiu que, se este ano hidrológico não for “generoso”, no próximo ano a crise da água “vai estoirar à força toda” e afetar especialmente os territórios do Alentejo e Algarve.

“As reservas que temos já não nos garantem um ano [de consumo], ou garantem com muitas limitações. E perante esta situação não há respostas fáceis, não há soluções fáceis, mas há soluções que têm de ser adotadas e que passam por um planeamento e uma fiscalização séria”, defendeu.

A mesma fonte reconheceu que, entre as áreas de atuação para tornar o consumo de água mais sustentável, está o consumo doméstico e esse “gere-se pelo preço, não se gere com campanhas cor-de-rosa”, de publicidade.

O investigador, que conta com estudos na área dos recursos hídricos, considera que a gestão se faz também com “coisas completamente impensáveis no Algarve atual”, como é, por exemplo, a “propagação de piscinas privadas”, que classificou como um “absurdo” num cenário de escassez de água.

“Toda a gente tem uma piscina, uma piscina é um volume de água considerável. É um consumo de água privado, é um desperdício de água privado, que não traz contrapartidas absolutamente nenhumas”, defendeu, frisando que se pode dizer que a “agricultura gasta muito ou gasta pouco, mas produz alimentos e emprego”.

Nuno Loureiro apela para um maior planeamento e fiscalização, através da utilização de ferramentas como, por exemplo, as imagens de satélite, que mostram um “acréscimo das áreas regadas no Algarve ao longo do tempo”.

“Se for buscar imagens dos anos de 1980, vê-se como é pequena a mancha dos citrinos de Silves, vê-se como toda a zona a norte e a sul da Estrada Nacional 125 entre Tavira e Vila Real de Santo António é modesta. Nos anos recentes, se formos buscar imagens de 2018, 2020, 2022, vê-se que cada vez cresce mais e cada vez se rega mais”, acrescentou.

Esta ferramenta permite “fiscalizar criteriosamente a utilização da água” e não está a ser utilizada pelos decisores técnicos e políticos de forma adequada, mas “tem de começar a ser”, defendeu.

“Esta imagem de satélite permite, utilizando as diferentes bandas de imagem, caracterizar perfeitamente o estado hídrico da vegetação”, acrescentou o investigador.

Pode ver-se, por exemplo, se uma vegetação “muito satisfeita de água está a ser regada” e essa informação pode cruzar-se com “as possíveis fontes de água, entre as quais os furos ilegais” ou “as barragens que não podem regar, mas continuam a regar ou as culturas continuam a ter água”.

O investigador considerou, por fim, que estas ferramentas “têm de começar a ser utilizadas, porque o assunto é muito sério” e, “mesmo que este inverno chova um bocadinho mais, pode atenuar um pouco a dor mas não é remédio” para o problema que a região se enfrenta.

// Lusa

15 Comments

  1. Finalmente vejo alguém preocupado com as piscinas. Até agora, parecia que as piscinas não contribuíam para o desperdício de água, só os abacates e os campos de golfe (e os habituais problemas da rede).

  2. O governo sabe há muitos anos do problema da água no Algarve, há diversas opções como a criação de mais barragens, assim os idiotas dos ambientalistas deixem, a utilização da água do Guadiana, mais Charcas, dessalinização, etc. mas o importante é manter Galambas no governo, nacionalizar e vender a TAP, gastar milhões em coisas que nenhuma riqueza trás ao país, mas investimentos com retorno garantido isso é melhor esquecer. São uns incompetentes.

  3. Crisis? What crisis?
    Está claro nas palavras deste esbirro duas coisas:
    – O PS não fez nada em quase 30 anos para resolver o problema da água, que já antes do Pantanoso o Cavaco Silva falava na central de dessalinização no Algarve.
    – Os histéricos alarmistas estão a ver mais um sitio onde encontrar forma de aumentar taxas e impostos para o seu Sacrossanto Estado Deo ex machina!

  4. Pergunta estúpida. O PRR poderia ter servido para a solução apresentada pelo Renato em vez de andarmos a gastar 85% em serviço público?

  5. Este artigo só pode ter sido escrito por alguém que vive na Lua. Falta de chuva não tem havido. Falta de gestão da água, só pode ser devida ao mau estado da governação. O Alentejo não tem água por culpa dos “verdes” que não deixam fazer mais reservatórios.
    Lamentável.

  6. Então comecem por investigar como funciona o sistema de fornecimento de água da Indáqua, onde as habitações que menos água consomem, mais pagam face às habitações que mais água consomem! É incrível como ninguém mete mão nestas empresas que tudo fazem para terem lucros para distribuir pelos accionistas!

  7. Tenho todo o respeito por todos os cientistas e outros que não sendo, parecem. O que este senhor diz é por demais evidente e não faz falta fazer estudo algum. A crise da água é provocada por falta de chuva, todos sabemos. E a gestão da água? Quem a faz? Como a faz, quem paga mais e quem paga menos? As fugas nas redes? O mau planeamento no seu armazenamento? As capacidades instaladas, as captações, a distribuição quando existe água, mas essencialmente a sua gestão.
    Hoje fala-se muito e diz-se muito pouco e faz-se ainda menos. Somos bombardeados com colóquios e seminários de onde não trazemos nada. Isto é para a água, floresta, ambiente e sustentabilidade que depende dos anteriores. Continuemos a discursar e a nada fazer e veremos onde chegaremos, os que ainda tiverem algum tempo pela frente. Bem hajam. Obrigado

  8. Eu tenho uma piscina desmontável que leva 50 000 de água, encho-a da mina do meu terreno que tem água a correr pelo monte abaixo que vai parar ao rio. Não vejo qual o problema, prefiro usar água para nadar do que desperdiçar a mesma no rio que vai parar ao oceano! O problema de Portugal não são as piscinas! É a má gestão dos rios! Os espanhóis quando pedem a nossa água dizem o mesmo, nós só deitamos água ao lixo quando a deixamos ir para ao mar, faltam mais barragens, mais lagos, etc .. Sofrem os peixes? Não se pode ter tudo!

  9. Mudem de culturas como em Espanha ja se começou a fazer (ex: olival para pistachios). E claro, a producao de carne que é um gigantesco consumidor de agua em muitos sitios começa a ser inviavel.

  10. Bom seria se falassem nos campos de golfe e nos gastos dos hotéis, mas como isso mexe com grandes investidores, mais vale ignorar. Informação é poder, e pelos vistos confirma-se. A falta de informação que o povo tem vai claramente ser um dos motivos de mais uma taxa e controlo do governo no que toca a recursos. Continuamos a comer gelados com a testa. É triste ver o que os corruptos com poder fazem com a sua influência. Acreditar que quem nos governa não tem capacidade de ser manipulador para seu proveito, é claramente um tiro no pé.

  11. Lol se preocupassem,mais com o país e menos com a água.
    Não havia tanto ignorante, que pensa que lá pôr ter um canudo, só porque estudou e vem falar de água, é que graças a Deus que a precipitação atmosférica veio para ficar,pois a chuva segundo o IPMA veio para ficar e tão cedo não vai embora.
    E se virassem para uma coisa muito pior, eleições antecipadas no nosso país, pôr causa da demissão do Primeiro Ministro Antônio Costa, porque este está envolvido em processo crime,pelo supremo tribunal que o acusa e a mais uns quantos de uns crimes graves, é vergonhoso para o país e para o PS , é só ladrões,e parece que o OCE 2024 já não vai avante, é lamentável e vergonhoso os políticos que temos em Portugal, já faz lembrar o Brasil, que é só corruptos.

  12. Não percebo como cientistas, ambientalistas e gente bem formada continua a falar na falta de água. O Alentejo e o Algarve não ficam no meio do oceano, nem num deserto qualquer, situa se a 300, 400 km onde a água abunda e até chateia, não sei onde por toda a água que ronda a minha casa , e até tenho piscina.
    Em 30 anos que se fala no assunto não conseguem construir algo que leve e armazene a água do norte para sul. Falem com os engenheiros.

  13. O Algarve tem tanto mar ao lado porque não aproveitam?em vez de desperdiçar água para o mar façam o contrário e ponham água nas redes que vem do mar.ate cabo verde que é bem menos desenvolvido já o faz para os hotéis.mao é bebivel (no caso deles)mas é usada para tudo o resto,banhos,regas,piscinas….só uma solução

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