As hidras são imortais — mas podem desenvolver um tipo de cancro transmissível

Uma equipa de investigadores fez uma descoberta fascinante e alarmante sobre a hidra, uma criatura semelhante a uma medusa, considerada “imortal” devido à sua capacidade de se regenerar continuamente.

O novo estudo revela que as hidras podem desenvolver tumores quando são alimentadas em excesso e que esses tumores podem ser transmitidos aos seus descendentes.

Os tumores são um risco comum a todos os organismos multicelulares, mas as formas contagiosas de cancro são extremamente raras. Os casos conhecidos incluem dois cancros que afetam os diabos-da-tasmânia, um que ocorre em cães e vários que afetam bivalves, como mexilhões e amêijoas.

Os investigadores utilizaram a hidra como modelo para estudar a origem dos cancros contagiosos. As hidras reproduzem-se assexuadamente, criando clones, o que as torna ideais para observar a transmissão do cancro através das gerações.

De acordo com o ScienceAlert, os cientistas concentraram-se na Hydra oligactis, uma espécie de água doce que tem mostrado uma tendência para desenvolver tumores em determinadas condições.

Os investigadores recolheram 50 hidras do lago Montaud, em França, e levaram-nas para o laboratório, onde foram sobrealimentadas para induzir o desenvolvimento de tumores, imitando as condições de uma experiência anterior. Ao fim de dois meses, 19 das hidras desenvolveram tumores e a sua descendência clonal foi cuidadosamente observada ao longo de cinco gerações.

Uma das principais conclusões foi que as hidras descendentes de pais com tumores tinham quatro vezes mais probabilidades de desenvolver tumores do que as descendentes de pais sem tumores, apesar de serem todas geneticamente idênticas. Isto confirmou que os tumores estavam a ser transmitidos em vez de se desenvolverem espontaneamente em cada nova geração.

Ao longo do tempo, os investigadores também notaram alterações significativas no comportamento e nas caraterísticas reprodutivas das hidras portadoras de tumores transmissíveis.

Estas hidras aumentaram o seu investimento na reprodução assexuada antes de os tumores se poderem desenvolver completamente, o que sugere que as hidras se estavam a adaptar ao peso dos tumores, tentando reproduzir-se mais antes de o cancro impedir a sua capacidade de o fazer.

Além disso, a taxa de mortalidade dos clones aumentou quando os tumores se tornaram mais pronunciados. Os resultados do estudo foram recentemente publicados na revista Proceedings of the Royal Society B.

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