Encontrada no Canadá, esta nova espécie de fóssil provou ser o quelicerado mais antigo, situando a origem dos escorpiões e das aranhas há 500 milhões de anos.
Com o tamanho de um dedo polegar, olhos em forma de ovo e uma cabeça parecida com um canivete suíço, o Mollisonia plenumnatrix foi um predador feroz. As suas pernas longas e os seus numerosos pares de membros davam-lhe a habilidade de agarrar, esmagar e mastigar de uma só vez.
Esta espécie tinha ainda um par de pinças muito pequenas à frente da boca, chamadas quelíceras. Estes apêndices dão o nome ao grupo de escorpiões e aranhas – quelicerados . que os usam para matar, manter e muitas vezes cortar as suas presas.
“Antes desta descoberta, não era possível identificar as quelíceras noutros fósseis do Cambriano”, disse o principal autor, Cédric Aria, membro das expedições Burgess Schist do Royal Ontario Museu.
Além destas, há outras características neste fóssil que permitiram aos cientistas concluir que Mollisonia plenumnatrix não era uma versão “primitiva” de um quelicerado, uma vez que já era morfologicamente próximo das espécies modernas.
Segundo o LiveScience, uma delas é o facto de a criatura exibir estruturas respiratórias semelhantes a guelras, surpreendentemente semelhantes às dos quelicerados modernos.
Os autores do estudo, publicado dia 11 de setembro na Nature, acreditam que Mollisonia caçava, de preferência, perto do fundo do mar, graças às suas pernas bem desenvolvidas. Além disso, por parecer tão moderno, os cientistas concluíram que os quelicerados parecem ter prosperado rapidamente, preenchendo um nicho ecológico que outros artrópodes deixaram de atender naquele momento.
Desta forma, os autores da investigação acreditam que a origem dos quelicerados deve ser ainda mais profunda no interior do período Cambriano, quando o coração da “explosão” ocorreu. Mollisonia foi descrito pela primeira vez há mais de um século, mas, até agora, só eram conhecidos exoesqueletos deste animal.
Ainda que o passado seja repleto de surpresas, Mollisonia plenumnatrix é uma importante peça-chave neste quebra-cabeças da biodiversidade.