É uma pessoa criativa? É provável que também tenha comportamentos menos éticos

Estudos anteriores falharam na detecção desta correlação porque dependiam de medidas de auto-relato, apontam os cientistas.

De acordo com uma meta-análise publicada na revista científica Psychology of Aesthetics, Creativity, and the Arts, há uma correlação positiva entre a criatividade e anti-ética.

Os investigadores argumentam que alguns dos estudos anteriores falharam na deteção desta associação devido ao uso de medidas de auto-relato ao avaliarem comportamentos anti-éticos, o que os torna menos confiáveis, nota o PsyPost.

Há várias explicações teóricas para a relação entre a criatividade e a falta de ética. A primeira é de que os “indivíduos criativos tendem a ter um sentido forte daquilo a que têm direito quando antecipam o alto valor da sua realização futura, o que as deixa mais dispostas a cruzar os limites para alcançarem os seus objectivos”.

Quando se envolvem em tarefas criativas, antecipam os benefícios daquilo que criam, o que incita a legitimação de comportamentos anti-éticos que facilitem o alcance destes objectivos. “As pessoas criativas tendem a acreditar que o fim justifica os meios“, escrevem os autores.

O segundo argumento é que a criatividade ajuda a gerar justificações para comportamentos anti-éticos, o que aumenta a probabilidade de se fazer essas acções, já que os indivíduos conseguem abordar os problemas de várias perspectivas.

A terceira razão para esta correlação é que tanto a criatividade como a falta de ética “envolvem a quebra de regras e processos dissidentes“. Desta perspectiva, estas construções estão associadas porque envolvem os mesmos processos cognitivos.

Esta meta-análise incluiu 6783 participantes de 36 estudos de 19 artigos. Os estudos escolhidos tinham de obedecer a vários critérios, como a inclusão de uma medida da criatividade e da anti-ética, ter dados estatísticos que estimassem o tamanho e que envolver participantes adultos.

As informações demográficas, como a idade mediana ou o número de participantes, foram tidas em conta, assim como as medidas usadas para se avaliarem as variáveis. Foi assim que foi encontrada uma relação positiva, apesar de fraca, entre a criatividade e a falta de ética.

Uma limitação desta meta-análise é que os investigadores não examinaram os processos subjacentes que ligam a criatividade e a anti-ética, devido à falta de estudos disponíveis. Assim, são precisas mais investigações no futuro para que se possa no futuro fazer mais meta-análises dos processos psicológicos que ligam estas duas construções.

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