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Como é que uma criança se desenha? Depende de quem está a vê-la

gamgeek / Flickr

A forma como as crianças se desenham a elas próprias depende da autoridade e da familiaridade de quem as observa nesse momento, conclui um estudo recente.

Esther Burkit, psicóloga e cientista da Universidade de Chichester, no Reino Unido, fez várias experiências com crianças dos oito aos nove anos e percebeu que a expressividade nos desenhos depende da familiaridade e da autoridade da sua audiência.

Ao Público, a investigadora explicou que a expressividade refletida nos desenhos das crianças varia conforme a sua audiência. “Elas mostram uma expressividade mais positiva para audiências familiares e adultas“, afirmou, acrescentando que percecionam a autoridade das pessoas conforme as suas funções profissionais.

Partindo desta premissa, Burkit quis compreender melhor como a familiaridade e a autoridade afetam o resultado dos desenhos. Assim, pediu a 175 crianças que fizessem desenhos de si próprias – um desenho neutro que servia de referência, outro onde se representavam felizes e um último no qual estavam tristes.

Os participantes foram divididos em sete grupos: um que não teve audiência e nos restantes grupos as crianças foram observadas a desenhar sempre por pessoas do sexo masculino – por homens sem especificar a profissão, polícias e professores (uns que lhes eram familiares e outros não).

A cientista concluiu que as crianças fizeram mais desenhos onde se mostravam felizes do que tristes e as raparigas foram mais expressivas do que os rapazes. Além disso, confirmou-se que a expressividade dos desenhos das crianças difere da familiaridade e das funções profissionais da audiência.

“Os resultados do estudo mostram que os desenhos das crianças sobre si próprias são mais expressivos se a audiência lhes é familiar enquanto estão a desenhar”, lê-se no comunicado da universidade. O artigo científico foi recentemente publicado na British Journal of Developmental Psychology.

Além disso, a expressividade dos desenhos dependia também da profissão e da autoridade que essa profissão representa para as crianças. “Estes resultados podem estar relacionados com a diferente perceção das funções e da esfera de autoridade dos grupos profissionais”, explicam os cientistas.

Ao diário, Esther Burkitt adianta que estes resultados ” têm implicações para o uso dos desenhos das crianças por profissionais e podem ajudar a melhorar a comunicação verbal”.

“Estar consciente de que as crianças podem desenhar emoções diferentes para diferentes grupos profissionais poderá ajudar os profissionais a compreender melhor o que as crianças estão a sentir sobre os temas que estão a desenhar”, concluiu a investigadora.

ZAP //

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