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Acreditar em frases pseudoprofundas (e teorias da conspiração) é sinal de baixa inteligência

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Um novo estudo descobriu que as pessoas que acreditam em frases pseudoprofundas são mais propensas a ter baixa inteligência verbal e fluida, a acreditar em conspirações e a aderir à medicina alternativa.

No contexto deste estudo, publicado na Judgement and Decision Making, frases pseudoprofundas foram definidas como declarações sem sentido que soam superprofundas, como “Bem-estar requer exploração. Atravessar a missão é unir-se a esta”, ou “O significado oculto transforma o abstrato sem paralelo”.

“Embora estas afirmações pareçam transmitir algum tipo de significado potencialmente profundo, são apenas uma coleção de chavões colocados aleatoriamente numa frase que mantém estrutura sintática”, explicam os investigadores.

Frases bizarras como estas estão cada vez mais presentes no dia a dia das pessoas, particularmente quando se trata da Internet. Contudo, muito pouca investigação tem sido feita para explicar porque é que algumas pessoas são tão sensíveis a este tipo de mensagens.

Gordon Pennycook e uma equipa de investigadores da Universidade de Waterloo, no Canadá, fizeram o que acreditam ser o primeiro estudo a “empiricamente investigar as tretas” – e, sim, a palavra “bullshit” aparece centenas de vezes no estudo.

Porque caímos em tretas?

Para testar a crença das pessoas em declarações pseudoprofundas, os investigadores usaram um gerador aleatório para criar uma série de citações sem sentido. Em seguida, pediram a 280 estudantes de licenciatura para avaliar as declarações baseando-se em quão profundas elas eram usando uma escala de 1 a 5, sendo 5 “muito profunda”, e 1 “nada profunda”.

A classificação média para as declarações foi de 2,6, o que é alto, dado que as frases na realidade não faziam qualquer sentido. O mais preocupante foi que 27% dos participantes avaliaram as frases como 3 ou mais. “Estes resultados indicam que os participantes não conseguiram detectar que as frases eram treta”, disse Pennycook.

Numa segunda experiência, os investigadores misturaram frases geradas aleatoriamente com tweets “particularmente vagos” publicados pelo guru de medicina alternativa Deepak Chopra. Uma vez mais, um novo grupo de participantes classificou as declarações de forma bastante semelhante na escala de profundidade.

Uma experiência final analisou a forma como as pessoas classificavam declarações banais, como “A maioria das pessoas gosta de algum tipo de música” em comparação com citações profundas conhecidas, para garantir que os participantes não estavam apenas a classificar tudo como profundo – aí, sim, as frases mundanas foram classificadas de forma muito inferior.

Quem cai mais em tretas?

Os participantes também passaram por extensos testes cognitivos, incluindo matemática e avaliações verbais, e foram interrogados sobre as suas crenças espirituais e pontos de vista sobre coisas como teorias da conspiração e medicina alternativa.

Os investigadores concluíram que as pessoas mais recetivas a tretas eram menos reflexivas, tinham menos capacidades cognitivas (inteligência verbal e fluida, numeracia), eram mais propensas a fazer confusões ontológicas, a acreditar em teorias da conspiração, a manter crenças religiosas e paranormais, e a aderir À medicina complementar e alternativa.

Os cientistas acreditam que compreender o que torna as pessoas propensas a ficarem fascinadas com declarações duvidosas poderá ajudá-los a criar estratégias para proteger as pessoas de serem endrominadas.

O estudo também poderia ajudar a compreender o que torna as pessoas relutantes a optar por uma abordagem baseada em provas científicas para tomarem posições sobre coisas como vacinas e as alterações climáticas.

HypeScience

10 Comments

  1. Este artigo é um perfeito absurdo. Inferir-se uma relação entre crenças irracionais e inteligência não só é um abuso como é até contraditório. A inteligência tem sido estudada ao longo de décadas sem uma conclusão estável e inequívoca. Desde as perspetivas mais genéticas às mais cognitivas e comportamentais não existe uma definição estável para o conceito. Tentar correlacionar o “suposto conceito de inteligência” com padrões de comportamento “eminentemente sociais” é abusivo e só leva a confusões. O estudo é pura e simplesmente uma perda de tempo.

  2. O interessante deste estudo é que engloba todas as pessoas que seguem uma religião, bem como aquelas que vão ao médico e acreditam no que escutam. Ou seja, mais de 90% da sociedade vive num nível de extrema ignorância. O único problema deste artigo reside na intenção danosa de misturar aqueles que seguem a teoria da conspiração com o resto dos loucos. Porque a teoria da conspiração é um facto, provado por imensa gente, desde líderes do FBI e Políticos a Jornalistas famosos, muitos dos quais pagaram com a própria vida para quem agora anda a gozar com o assunto. E, infelizmente para quem acredita em tudo neste artigo, também não sou nenhum otário. Portanto consigo ver perfeitamente a diferença entre um estudo cientifico e uma especulação que não tem nada de científica, precisamente porque trabalhei muitos anos ensinando como fazer estudos académicos.

  3. Esta notícia é verdadeira. Por exemplo, eu, que sou uma pessoa inteligente, não acredito que “acreditar em frases pseudoprofundas (e teorias da conspiração) é sinal de baixa inteligência”.

  4. bom…a politica e a religião estao a abarrotar dessas teorias,frases e esse genero de chavões ,se seguir esse raciocínio ,quem vota ou frequenta locais de culto,tambem não fica bem nesse duvidoso ponto de vista .

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