É conhecida como “pirola” e já domina em Portugal e noutros países como França e EUA, onde os casos de infeção voltaram a aumentar. Evoluiu e ressurgiu com nova mutação mais forte. Vacina atua contra a variante.
A JN.1 é a nova variante do SARS-CoV-2, que tem vindo a assombrar o mundo desde 2020. Tal como muitas outras variantes descendentes da BA.2.86, sub-linhagem da Ómicron, apresenta várias mutações face às linhagens do grupo XBB antes em circulação.
A “pirola” foi agora classificada como “de interesse” pela Organização Mundial de Saúde (OMS) devido à sua rápida disseminação. A variante “poderá aumentar o peso das infeções respiratórias em muitos países” do hemisfério norte com o aproximar da estação do inverno, apesar de a OMS reforçar que o risco para a saúde pública global é baixo.
Para o o epidemiologista Manuel Carmo Gomes, esta nova variante — que segundo os últimos relatórios do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) já é a dominante em Portugal — é perigosa e já está “a dominar o planeta.”
“Desde meados de Setembro, verificou-se um aumento de circulação da linhagem BA.2.86, atingindo uma frequência de 52,2% em Outubro. A linhagem BA.2.86, a qual apresenta uma maior capacidade de fuga ao sistema imunitário, e, potencialmente, uma maior transmissibilidade, tem vindo a apresentar tendencialmente um aumento de frequência, substituindo as linhagens recombinantes XBB”, lê-se no relatório do INSA. Portugal regista hoje mais casos do que há algumas semanas, mas sem impacto nos internamentos e mortes.
“É muito diferente e caracteriza-se por ter adaptações aos nossos anticorpos, procura fugir-lhes. A B.A.2.86 começou a aparecer um pouco por todo o lado em Setembro, mas entretanto evoluiu e ressurgiu com uma nova mutação que lhe confere uma ainda maior capacidade de fugir aos anticorpos, além de conseguir entrar com maior facilidade nas células que infecta”, diz ao Público esta terça-feira.
Os países que acompanham as águas residuais têm registado enormes aumentos na concentração da variante nas últimas semanas. “Sabemos que JN.1 neste momento está a dominar o planeta e provavelmente vai continuar assim durante algum tempo”, confessa o epidemiologista.
Nova vacina “não é mais do mesmo”
A OMS assegura que as vacinas em circulação para a covid-19 (que previnem a doença grave e morte) atuam contra esta variante. “Não é mais do mesmo”, alerta Manuel Carmo.
“As pessoas devem tomar a vacina. Ao contrário do que se ouve por aí, esta vacina não é mais do mesmo. É uma vacina adaptada às novas variantes que estão em circulação. Esta vacina confere um grau importante de proteção contra a infeção pela JN.1. Portanto, as pessoas que têm mais de 60 anos, ou têm doenças crónicas, ou por qualquer razão não querem ser infetadas por este vírus, devem tomar a vacina”, avisa.