O secretário-geral do PS, António Costa, manifestou-se contra quem faz política de helicóptero para as televisões e não com os pés no chão, criticando ainda a “sujeira” da criação de perfis falsos para denegrir adversários.
Num discurso mais agressivo e muito aplaudido por militantes e simpatizantes na Escola de Hotelaria em Faro, António Costa apontou baterias ao PSD e ao seu cabeça de lista às europeias, Paulo Rangel, que na manhã desta terça-feira, sobrevoou de helicóptero parte da zona de pinhal do interior dos direitos de Coimbra e de Leiria.
“Pedro Marques sabe que a vida política não se faz a andar de helicóptero, mas com os pés no chão, cara a cara com as pessoas. A vida política não é um espetáculo para as televisões, não são frases engraçadinhas”, criticou.
O secretário-geral do PS falou ainda sobre a situação de um responsável social-democrata de Lisboa, que entretanto se demitiu, ter estado eventualmente envolvido num caso de criação de perfis falsos na internet para ataque a adversários socialistas.
“Não são campanhas sujas e negras que se vão construindo nas redes sociais, alimentando perfis falsos para atacar e denegrir os adversários. Isso não é política, isso é sujeira, isso não é digno da democracia”, afirmou.
Quanto ao seu candidato, Costa pediu a Pedro Marques que se mantenha igual a si próprio, recusando uma “campanha de piadinhas” para agradar a comentadores e políticos.
“Há uma enorme diferença entre aqueles que escolhem bons candidatos para aparecer na televisão e aqueles que escolhem bons deputados para representar toda a nação. Por isso, Pedro [Marques] sê igual a ti próprio, nós somos iguais a nós próprios”, disse.
O líder socialista reiterou: o PS não vai “entrar num concurso de piadinha nem em campanha suja”. “Podemos não ter setas para cima [na comunicação social], podemos não agradar aos comentadores, podemos não agradar às televisões, mas agradamos à nossa própria consciência, porque chegamos a casa e temos respostas para dar”, afirmou António Costa, recebendo uma prolongada ovação da plateia.
António Costa aproveitou ainda para comparar o perfil político de Pedro Marques com o de Paulo Rangel (PSD) e Nuno Melo (CDS).
“Eu não sei se Pedro Marques vai estar dez anos no Parlamento Europeu. Mas há uma coisa que sei: Nem que esteja lá seis meses fará mais do que Rangel e Melo nestes dez anos”, declarou, arrancando nova salva de palmas da plateia.
No entender de Costa, Pedro Marques “tem obra para apresentar e não está há dez anos em Bruxelas sem ser capaz de dizer uma única coisa de útil que tenha feito pelo país, por qualquer português ou qualquer empresa em Portugal”.
“Sobrevoar a dor das pessoas”
Nem Pedro Marques ficou alheio à ação de campanha de Rangel. O número um do PS acusou o social democrata “oportunismo político lamentável” ao “escolher sobrevoar a dor das pessoas”, referindo-se aos fogos de 2017.
“Na corrida pelo oportunismo político mais lamentável, Rangel ganhou de longe”, disse o cabeça de lista do PS num comício em Faro, frisando que “a campanha eleitoral foi longe demais”, depois de a direita, através do “duo Melo [CDS]– Rangel [PSD]”, ter introduzido o tema dos incêndios na campanha.
“Ele [Rangel] escolheu sobrevoar a dor das pessoas e do território. Desiludiu os que lá esperavam, mesmo com dois anos de atraso, uma palavra, um gesto, um momento para ouvir e compreender”, lamentou Pedro Marques.
O presidente da Câmara da Pampilhosa da Serra, que é também social democrata, considerou “uma afronta” à população o voo de Paulo Rangel pelas zonas ardidas em 2017, criticando o facto de o candidato do PSD às europeias não ter posto “os pés” no território.
Segundo Pedro Marques, existe “uma grande diferença entre quem enfrenta a dor” e os que “fazem política de longe e depressa para o espetáculo mediático”.
“Uns metem as mãos na massa, sujam as mãos. Outros sobrevoam as dificuldades, espreitando cada oportunidade de arrebanhar uns votos que parecem fáceis”, salientou, acrescentando que lhe dá vontade “de gritar contra políticos superficiais que não conhecem o país e já só conhecem os corredores de Bruxelas”, criticou.
“Hoje a campanha foi longe demais”, condenou.
ZAP // Lusa