Costa não está contente com propostas da Comissão Europeia

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Olivier Matthys/EPA

António Costa

Primeiro-ministro também acha que não tem havido compreensão suficiente do BCE sobre a natureza da inflação.

O primeiro-ministro defendeu hoje um mecanismo permanente de estabilização de crises para responder a futuras situações na União Europeia (UE), classificando como “insuficientes” as propostas para revisão do orçamento comunitário a longo prazo e das regras orçamentais.

“Não é questão de interesse de Portugal, é o interesse da Europa e ambas as propostas são bastante insuficientes. A expectativa criada para o fundo de soberania está manifestamente insatisfeita com esta proposta que agora é apresentada” de revisão do orçamento para 2021-2027, declarou António Costa.

Falando à entrada para o Conselho Europeu em Bruxelas, onde ambas as propostas estarão em cima da mesa, o chefe de Governo vincou que “há uma coisa que é evidente e clara: é que cada vez mais […] a Europa precisa de um mecanismo permanente de estabilização de crises”.

António Costa respondia quando questionado sobre as propostas da Comissão Europeia de revisão do Quadro Financeiro Plurianual (QFP) e de reforma das regras orçamentais, iniciativas que não contêm, respetivamente, um fundo soberano prometido por Bruxelas e capacidade orçamental própria defendida por Portugal.

“Sabemos que felizmente as crises não são permanentes, mas que infelizmente são recorrentes, portanto, nós não podemos, cada vez que há uma crise, reabrir a discussão, se necessitamos ou não necessitamos de ter um instrumento. Temos, além do mais, agora, uma prova muito importante: quando foi da crise financeira não tivemos um mecanismo de apoio e os resultados foram os que foram e, perante a crise da covid-19, foram criados um conjunto de mecanismos de apoio”, elencou o chefe de Governo.

Assim, “temos hoje a demonstração de que numa crise onde não havia um instrumento, as coisas correram mal e, numa crise em que havia um instrumento de apoio, as coisas correram melhor, portanto […] devemos evitar o que correu mal e devemos assegurar e estabilizar como uma boa prática aquilo correu bem”, referiu.

“Com toda a sinceridade, tenho alguma dificuldade em perceber a persistência de alguns Estados em continuarem a não aceitar aquilo que me parece […] um resultado bastante evidente”, adiantou António Costa.

BCE

O primeiro-ministro, António Costa, disse hoje que “não tem havido compreensão suficiente” do Banco Central Europeu (BCE) sobre a natureza do ciclo inflacionista, quando se fala em novas subidas das taxas de juro, esperando alívio a partir de setembro.

“O BCE é soberano na definição da política monetária. Acho que não tem havido a suficiente compreensão por parte do BCE da natureza específica do ciclo inflacionista que temos estado a viver e também não tem em devida conta os setores que têm alimentado esta tensão inflacionista”, declarou o chefe de Governo.

Falando à imprensa portuguesa em Bruxelas à entrada para o Conselho Europeu, António Costa apontou que “hoje é mais ou menos claro que sobretudo o aumento dos lucros extraordinários têm contribuído mais para a manutenção da inflação do que as subidas salariais”.

“Não compreender a natureza específica deste ciclo inflacionista limita muito a capacidade de o enfrentar porque senão acertamos bem no diagnóstico a terapia rapidamente acerta”, salientou.

Depois de o governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, ter dito na quarta-feira que as taxas Euribor vão continuar a subir até setembro (12 meses) e novembro (3 e 6 meses), antecipando que a partir destas datas comecem a cair lentamente, António Costa disse esperar um alívio a partir desta data.

“Esperemos que, como o governador do BdP ontem [quarta-feira] anunciou, a partir de setembro possamos começar a retomar uma trajetória de política monetária mais adequada àquilo que é fundamental, que é salvaguardar as condições de vida das famílias, a capacidade de as empresas investirem e de a economia continuar a crescer, e de gerar emprego que gerem salários melhores”, concluiu o primeiro-ministro português.

Esta entrevista aconteceu no mesmo dia em que em Sintra, num debate no Fórum do BCE, os governadores dos bancos centrais europeu, inglês, japonês e o presidente da Fed, dos EUA, alertaram para a persistência da inflação, dando indicação de potenciais novas subidas de juro.

// Lusa

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2 Comments

  1. se fosses um bom governante, tinhas feito a proposta para a lagarde vir morar para portugal por uns meses, mas a ganhar o ordenado minimo e com uma casa onde pagasse uns 300 a 400€ de renda.
    isso sim. serias um grande governante

  2. Costa , não está contente com a Sra. Lagarde e BCE , pode querer que os Contribuintes Portugueses ainda muito menos . Governarem e Governarem-se , eis a diferença e causa do estado Social atual e da nossa Economia Interna ! ……mas enfim , não dizia o Sr. Costa “Habituem-se” ?

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