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Sempre com a lista de encomendas para o SNS no bolso, Costa pede “higiene e disciplina”

Julien Warnand / EPA

O Hospital Curry Cabral, em Lisboa, pode vir a acolher em exclusivo pacientes de Covid-19, anunciou o primeiro-ministro durante uma visita ao serviço de infecciologia da unidade de saúde, onde foi averiguar in loco o que falta no Serviço Nacional de Saúde (SNS), sublinhando que já anda sempre com a lista do equipamento encomendado pelo Governo no bolso.

Após visitar a unidade de saúde, António Costa defendeu que antes das questões do número de testes ou da aquisição de equipamentos, os portugueses têm de possuir agora uma “enorme disciplina” no cumprimento das regras de higiene e de distanciamento social.

No final de uma visita de cerca de duas horas ao Hospital Curry Cabral, durante a qual esteve acompanhado pela ministra da Saúde, Marta Temido, o primeiro-ministro foi confrontado pelos jornalistas com críticas sobre o número reduzido de testes realizados no país para diagnóstico do novo coronavírus. O líder do executivo citou na sua resposta o director do serviço de infecciologia do Hospital Curry Cabral, Fernando Maltês.

“Mantenhamos todos o estado de emergência, a contenção, o isolamento social e a enorme disciplina que temos tido e que temos de ter cada vez mais para evitar a expansão da pandemia”, sublinhou, realçando que “essa é a chave disto tudo”. “Antes do número de ventiladores nos cuidados intensivos, antes do número de camas para internamento, antes dos testes, acima de tudo temos de ter uma enorme disciplina”, sustentou.

António Costa falou então na necessidade de haver disciplina no hábito de lavar as mãos com frequência, de não mexer na cara ou não cumprimentar ou abraçar outras pessoas, e de cada um dos cidadãos ficar o máximo possível em isolamento em casa, evitando ao máximo as saídas.

“Esse é o grande desafio que nós temos. Todos os outros são sequenciais”, reforçou António Costa.

De acordo com o primeiro-ministro, se as regras de higiene e de distanciamento social forem cumpridas, “essa é a melhor ajuda que se poderá dar para que não faltem testes, equipamentos, camas e os profissionais possam desempenhar o seu trabalho”.

Durante a vista ao Hospital Curry Cabral, o primeiro-ministro disse que procurou avaliar a situação em termos de combate à Covid-19, inteirar-se sobre os desafios quotidianos dos profissionais de saúde naquele hospital e saber que apoio necessitam de obter do Governo para o desempenho das suas funções.

E a este propósito e confrontado com a falta de equipamento médico no SNS, Costa sublinhou que há diversos materiais que vão chegar aos hospitais. “Até já ando no bolso com a lista de todo o material que está, neste momento, encomendado”, realçou, tirando o papelinho para ler de novo aos jornalistas, como já tinha feito no Parlamento, os equipamentos encomendados.

Estão em causa mais de 380 mil batas, quase 50 mil fatos de protecção, mais de 6 milhões de luvas esterilizadas e 10 milhões de luvas não esterilizadas, 368 mil máscaras com viseira, 17 milhões de máscaras cirúrgicas e 8 milhões de máscaras FFP2 e FFP3, 743 mil protectores de calçado e 1 milhão de toucas, como enumerou o primeiro-ministro.

Curry Cabral pode tornar-se num “hospital exclusivamente Covid”

“Este hospital está preparado para vir a tornar-se um hospital exclusivamente Covid“, referiu, antes de apontar que o Curry Cabral terá capacidade para passar das actuais 36 camas para um total de 300 camas, ocupando para o efeito outros serviços hospitalares.

Ao longo da visita, foram ainda equacionadas “outras soluções de recurso que poderão ser necessárias se a pandemia tiver uma progressão muito dramática”, disse António Costa, embora sem especificar essas soluções em ponderação.

O primeiro-ministro comentou ainda o facto de a Direcção Geral de Saúde (DGS) ter corrigido duas vezes os dados oficiais relativos às mortes por Covid-19, nesta terça-feira, rejeitando que haja qualquer tipo de manipulação.

“Os números da DGS são os que são fornecidos pelos profissionais de saúde e é com base nessa informação que temos de trabalhar”, apontou, explicando que “cada médico faz a inscrição numa plataforma comum dos casos que identifica”.

“Os números da DGS são simplesmente a agregação dessa informação descentralizada. A DGS não cria números“, concluiu o governante.

ZAP // Lusa

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