O eurodeputado do Bloco de Esquerda José Gusmão entende que António Costa “tem utilizado a chantagem de uma crise política para não negociar políticas de Governo”.
Em entrevista ao Observador, no programa Vichyssoise, José Gusmão, eurodeputado do Bloco de Esquerda, acusa António Costa de ameaçar com uma crise política para fazer “chantagem” à esquerda.
Embora o Bloco de Esquerda tenha viabilizado sempre a renovação de estados de emergência, Gusmão salienta que o partido tem manifestado preocupações em relação ao financiamento da resposta do SNS e à resposta económica e social. O partido entende que as medidas do estado de emergência têm de ser “complementadas por apoios económicos e sociais às pessoas e sobretudo às micro, pequenas e médias empresas”.
José Gusmão garante ainda que o Bloco de Esquerda estará disponível para sentar-se à mesa com o Governo e debater não só o Orçamento do Estado para 2022, como eventuais alterações ao Orçamento do Estado 2021.
“O que já podemos ver é que a meio de fevereiro de 2021 já é absolutamente evidente que o Orçamento do Estado para 2021 não serve para o país”, disse o eurodeputado, antes de lançar críticas ao primeiro-ministro.
Questionado se acredita que António Costa pode precipitar uma crise política para, de alguma forma, se libertar dos bloqueios à esquerda, o bloquista recusa-se a especular.
“Ele [António Costa] tem utilizado a chantagem de uma crise política para não negociar políticas de Governo ao contrário do que aconteceu no ciclo político anterior isso é público, notório e evidente”, atirou.
“Mas isso não nos vai impedir de estarmos disponíveis para corrigir o Orçamento do Estado para 2021 para que possa dar uma resposta adequada para a situação que o país está a viver e, naturalmente, discutir Orçamentos futuros como temos feito”, acrescentou.
Perante o atraso na entrega das vacinas contra a covid-19, Gusmão aponta o dedo às farmacêuticas e defende que a única solução é a libertação das patentes e a produção em massa de vacinas, que considera serem “um direito humano”, numa pandemia “que está a provocar mais de 10 mil mortos por dia”.
“Enquanto noutros países foram colocadas condições que asseguraram de uma forma muito mais sólida a proteção desses países (…), noutros isso não aconteceu”, disse o eurodeputado.
Por fim, questionado se hipoteticamente preferia ser parceiro de coligação do PS liderado por Pedro Nuno Santos ou do PS liderado por Fernando Medina, José Gusmão respondeu a primeira opção.