Momento invulgar entre jornalista e primeiro-ministro, em Bruxelas: “Nem quero ouvir”.
A cimeira UE-CELAC, que reúne lideres de países da União Europeia e da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos, quase conseguiu consenso sobre a guerra na Ucrânia.
Logo no primeiro dia, ficou a indicação de que alguns países americanos não queriam que a declaração oficial da cimeira indicasse a Rússia como instigadora do conflito.
Nesta terça-feira houve acordo para o documento com quase todos os países. A excepção foi a Nicarágua.
“Isso impede que haja uma declaração formal da cimeira, mas haverá declaração assinada por dois co-presidentes que traduz um esforço importante de consensualização entre todos”, revelou António Costa, em Bruxelas.
O primeiro-ministro destacou que, retirando a já mencionada excepção, a Nicarágua, “todos os países, desde a Lituânia até Cuba, acordaram um texto comum onde manifestam preocupação com a guerra da Rússia contra a Ucrânia e apoio à iniciativa do Presidente das Nações Unidas em prol do acordo de transporte de cereais pelo Mar Negro”.
Assim, Costa pede “união para o futuro” e prefere destacar o acordo entre 49 países, deixando para segundo plano a divergência causada por um dos países. “união no futuro”.
“Nem quero ouvir”
António Costa já disse várias vezes que, quando está em compromissos fora do país, não fala sobre assuntos internos; recusa abordar temas da política nacional.
O primeiro-ministro já se “desviou” algumas vezes dessa regra, já permitiu diversas excepções aos jornalistas. Na semana passada houve nova excepção, na cimeira da NATO, na Lituânia.
Mas este não foi o caso.
Um jornalista queria saber a perspectiva de Costa sobre as recentes palavras de Augusto Santos Silva. O presidente da Assembleia da República disse que as buscas na casa de Rui Rio foram um “crime em directo” do Ministério Público
António Costa não quis ouvir: “Não vale a pena porque já sabe, nem vale a pena… Se já falei, está falado. Nem quero ouvir a pergunta, desta vez podem dizer ‘nem sequer ouviu a pergunta’”.
O primeiro-ministro sorriu e não deixou mesmo o jornalista fazer a pergunta.
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