Costa alerta para “jogos de informações” da guerra no caso dos refugiados em Setúbal

O primeiro-ministro não vai “alimentar suspeições” enquanto o caso dos refugiados recebidos por russos pró-Putin não for investigado.

O caso dos refugiados ucranianos alegadamente recebidos por russos com ligações ao Kremlin na Câmara Municipal de Setúbal, controlada por comunistas, foi remetido para a Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) e para a Coesão Terrorial.

António Costa pede que “haja serenidade” enquanto se procura esclarecer o caso, de forma a não “alimentar suspeições e dúvidas”, nem entrar num jogo de informações, próprio de tempos de guerra, segundo o Observador.

“Qualquer violação dos direitos fundamentais, de cidadãos nacionais ou estrangeiros, é da maior gravidade. Temos de ter bastante serenidade. É preciso compreender que a guerra também se trava através deste jogo de informações“, alertou António Costa, em declarações aos jornalistas, em Lisboa.

A reação do primeiro-ministro ao caso, para o qual o Governo já tinha sido chamado pela Câmara de Setúbal, onde os refugiados foram recebidos, surgiu este domingo, depois de na sexta-feira o seu gabinete já ter desmentido a autarquia setubalense.

O município, presidido por André Martins, da CDU, garantia que tinha chegado a “pedir esclarecimentos” sobre a Associação dos Emigrantes de Leste (Edintsvo), numa carta enviada ao Governo.

No entanto, o Executivo respondeu que a carta se limitava a transmitir protestos contra as queixas que a embaixadora da Ucrânia em Portugal tinha feito sobre os mesmos responsáveis pró-Putin.

“A Câmara de Setúbal não nos pediu qualquer esclarecimento nem sobre a associação nem sobre o senhor referido [Igor Khashin, responsável da associação Edintsvo]. A carta contém vários protestos pelas declarações das embaixadora, e remetemos para o ministério dos Negócios Estrangeiros para os fins convenientes”, garantiu António Costa este domingo, quando desmentiu a Câmara de Setúbal.

Apesar de a autarquia ter pedido uma investigação ao ministério da Administração Interna, o primeiro-ministro esclareceu que as duas “entidades com competência” para investigar serão a CNPD e o ministério da Coesão Territorial — que tem a tutela das autarquias – para onde já remeteu o caso.

De resto, Costa deixou uma mensagem de tranquilidade, lembrando que Portugal é um Estado de Direito. Insistiu ainda nas declarações de Marcelo Rebelo de Sousa, que este domingo lembrou que o país tem autoridades competentes para levar a cabo estas investigações, assim como para receber os refugiados.

António Costa deixou também um elogio às autarquias, pela forma como se têm “solidarizado” com os refugiados ucranianos que chegam a Portugal.

Quando questionado sobre se o caso dos refugiados acolhidos alegadamente por russos pró-Kremlin manchava a imagem do país, o primeiro ministro apenas respondeu com um “não”.

André Martins criou a Linha Municipal de Apoio aos Refugiados (LIMAR). Há um mês já tinha atendido 160 ucranianos, segundo o Expresso.

Foi lá que refugiados ucranianos foram recebidos por Igor Khashin, um dos líderes da comunidade russa em Portugal, e a sua esposa, Yulia Khashina, funcionária da câmara setubalense. Khashin não desempenha qualquer função na Câmara.

A funcionária da câmara Yulia Khashina foi afastada pela autarquia, e assim ficará até haver conclusões sobre o caso.

ZAP //

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