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Cortar nos hidratos de carbono pode ajudar doentes com tumores cerebrais

O corte no consumo de hidratos de carbono e açúcar pode ajudar a limitar o crescimento de células cancerígenas.

Já se conheciam os benefícios das dietas cetogénicas para as enxaquecas e agora um novo estudo aponta as vantagens destas dietas para doentes com cancro no cérebro.

Uma dieta cetogénica — grande redução nos hidratos de carbono, altos níveis de gorduras saudáveis e proteína moderada — não acarreta riscos para pacientes com tumores chamados astrocitomas, de acordo com o estudo publicado este mês na Neurology.

Todos os 25 participantes na investigação tinham completado radioterapia e quimioterapia e seguiram um tipo de dieta cetogénica, a dieta Atkins, alternada com jejum intermitente, durante oito semanas.

Cinco dias por semana, os pacientes seguiram a dieta. Nos outros dois, fizeram jejum e consumiram apenas 20% da quantidade calórica recomendada para consumo diário.

Os pacientes encontraram-se com um dietista no início do estudo e a cada duas semanas. O estudo não foi criado para determinar se a dieta poderia reduzir o crescimento do tumor ou aumentar a probabilidade de sobreviver, mas sim para se saber se a dieta não tinha efeitos secundários prejudiciais.

Dos 25 participantes, 21 concluíram o estudo e 48% seguiram a dieta à risca. No entanto, testes de urina mostraram que 80% chegou ao nível em que o corpo estava a usar gordura e proteína para ter energia, em vez dos hidratos de carbono. Um dos participantes sofreu efeitos secundários que podem estar associados à dieta.

“As células cancerígenas dependem da glucose para se dividirem e crescerem. Como a dieta cetogénica é baixa em açúcar, o corpo muda o que usa para energia – em vez de hidratos de carbono, usa aquilo a que se chama cetonas. As células cerebrais normais podem sobreviver com as cetonas, mas a teoria é de que as células cancerígenas não podem usar cetonas para energia”, explica Roy E. Strowd, autor do estudo.

No fim do estudo, as mudanças no metabolismo eram óbvias, com a redução dos níveis de insulina e de gordura. Exames mostraram também mudanças nos metabólitos do cérebro e um aumento da concentração de cetonas.

“Não há muitos tratamentos eficazes para estes tipos de tumores cerebrais e as taxas de sobrevivência são baixas, por isso qualquer avanço é bem-vindo. Claro que precisamos de mais estudos para determinar se esta dieta pode prevenir o crescimento de tumores e ajudar as pessoas a viver mais tempo”, acrescenta o neuro-oncologista.

“No entanto, estes resultados mostram que a dieta pode ser segura e fazer mudanças no metabolismo do corpo e do cérebro”, conclui Roy E. Strowd.

AP, ZAP //

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