Corpos de pessoas com doenças mentais parecem mais envelhecidos do que realmente são

Danie Franco / Unsplash

Pessoas com historial de doenças mentais, incluindo depressão, distúrbios bipolares ou ansiedade, têm indicadores sanguíneos que indicam que são mais velhos do que realmente são.

De acordo com novas pesquisas apresentadas no Congresso Europeu de Psiquiatria, no domingo, isso pode ajudar a explicar porque é que as pessoas com problemas de saúde mental têm normalmente vidas mais curtas e têm mais probabilidade de desenvolver doenças relacionadas com a idade do que o resto da população.

Julian Mutz e Cathryn Lewis, do King’s College London, examinaram dados sobre 168 metabólitos sanguíneos de 110.780 pessoas do Biobank do Reino Unido.

A equipa associou esses dados a pormenores sobre a história das pessoas com doenças mentais e descobriram que aqueles que tinham uma histórico de doenças mentais tinham também perfis metabólicos mais velhos do que o que seria previsto para a sua idade, relatou o Interesting Engineering.

“É agora possível prever a idade das pessoas a partir dos metabólitos sanguíneos. Descobrimos que, em média, aqueles que tinham um historial de doença mental ao longo da vida tinham um perfil metabólito que os tornava mais velhos do que a sua idade real”, disse o investigador Julian Mutz no congresso, que decorreu em Paris.

“Pessoas com doença bipolar, por exemplo, tinham marcadores sanguíneos indicando que eram cerca de dois anos mais velhas do que a sua idade cronológica”, indicou.

Segundo um comunicado de imprensa, além de terem vidas normalmente mais curtas, as pessoas com doenças mentais têm uma pior saúde.

Os indivíduos com problemas de saúde mental apresentam frequentemente uma tendência crescente para desenvolverem doenças como diabetes e condições cardíacas, que provavelmente pioram com a idade.

Um estudo de 2019 revelou que as pessoas com problemas mentais tinham normalmente uma esperança média de vida cerca de 10 anos mais baixa para os homens e sete anos mais curta para as mulheres do que a população em geral.

“Os nossos resultados indicam que os corpos das pessoas com problemas de saúde mental tendem a ser mais velhos do que seria de esperar para um indivíduo da sua idade”, continuou Julian Mutz.

A diferença em saúde e esperança de vida entre as pessoas com problemas de saúde mental e a população em geral não pode ser inteiramente explicada por isto, referiu, mas o envelhecimento biológico acelerado pode ser um fator significativo.

“Se conseguirmos utilizar estes marcadores para acompanhar o envelhecimento biológico, isto pode mudar a forma como controlamos a saúde física das pessoas com doenças mentais e como avaliamos a eficácia das intervenções destinadas a melhorar a saúde física”, argumentou ainda.

“A compreensão dos mecanismos subjacentes ao envelhecimento biológico acelerado pode ser crucial para o desenvolvimento da prevenção e tratamentos adaptados para enfrentar a dificuldade crescente de uma gestão integrada destas doenças”, comentou Sara Poletti, do Hspital San Raffaele, em Milão, Itália, que não esteve envolvida na investigação.

ZAP //

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