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O corpo de Gregor Mendel, pai da genética, foi desenterrado para análise de ADN

Wikipedia

Gregor Mendel

O 200.º aniversário de Gregor Mendel, o “pai da genética”, ocorreu em 2022. Como tributo, um grupo de investigadores decidiram desenterrar o seu corpo e estudar o seu ADN.

A compreensão da genética progrediu a passos largos desde que Mendel realizou as suas experiências no século XIX. Frade agostiniano nascido no Império Austríaco, conseguiu elaborar algumas das regras da hereditariedade através de uma série de experiências em plantas de ervilha, que realizou entre 1856 e 1863.

Os agricultores sabiam há milhares de anos como os animais podiam ser criados para transmitir as características desejáveis, mas o trabalho de Mendel foi o primeiro a estabelecer as leis da herança biológica. Só várias décadas após a sua morte é que o mecanismo molecular por detrás da herança – o ADN – viria a ser compreendido.

No seu 200.º aniversário, investigadores da Universidade de Masaryk, na República Checa, da Abadia Agostiniana e de outras organizações resolveram explorar o seu corpo utilizando as próprias ideias de Mendel, relatou o IFLScience.

“Mendel era uma personalidade renascentista absolutamente excecional e multidisciplinar, com ideias à frente do seu tempo. Foi também por isso que demos o nosso consentimento à exumação e à investigação científica, para que o seu legado permanecesse vivo e conhecido do público”, disse Paul Graham, secretário do Conselho Geral da Cúria, em dezembro de 2021.

“A República Checa, a humanidade, mas especialmente o próprio Mendel, merecem-no claramente. Especialmente porque ele não recebeu reconhecimento científico durante a sua vida”, completou.

Em fevereiro de 2022, o corpo foi recuperado de uma sepultura no Cemitério Central de Brno, na República Checa. Juntamente com a observação de que o esqueleto tinha 1,68 metros de altura, os investigadores relataram que o crânio tinha espaço para um “cérebro extraordinariamente grande”.

“Ficámos agradavelmente surpreendidos porque estávamos um pouco preocupados por não encontrarmos Mendel. Mas descobrimos todo o seu esqueleto num caixão; até tinha roupa e sapatos calçados”, disse Eva Drozdová do Laboratório de Antropologia Biológica e Molecular da Universidade de Masaryk.

Depois de deixar secar os restos mortais numa sala especializada, a equipa começou então a recolher ADN dos seus dentes e ossos. Comparando as amostras com o ADN recolhido nos objetos pessoais do falecido frade, armazenado no Museu Mendel, puderam confirmar que se tratava, de facto, do corpo do frade.

Num artigo recente, a NPR noticiou que o estudo aprofundado ao genoma de Mendel revelaram que este tinha variantes genéticas ligadas à diabetes, a problemas cardíacos e a doenças renais.

Mendel também possuía um gene associado à epilepsia e a problemas neurológicos. Segundo os investigadores, isso possa explicar alguns dos sintomas psicológicos e neurológicos de que sofreu durante a vida.

Quanto à questão ética de exumar o corpo de Mendel sem o seu consentimento explícito, os investigadores acreditam que o frade não teria nada contra o seu corpo ser usado para investigação científica.

ZAP //

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