Coreia do Norte dispara mais de 20 mísseis contra o sul. Seul responde com três

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Yoon Suk-yeol, Presidente da Coreia do Sul

A Coreia do Norte e a Coreia do Sul dispararam mísseis que caíram pela primeira vez no mar ao largo da costa de cada país.

Três horas após Pyongyang ter lançado um míssil que caiu a 57 quilómetros da cidade de Sokcho, na costa sul-coreana, Seul respondeu, disparando três mísseis ar-terra, que as autoridades dizem terem caído a uma distância semelhante da “Linha da Fronteira Norte”, a divisão marítima ‘de facto’ entre os dois países, relatou a BBC.

Depois de ter anunciado que a Coreia do Norte tinha disparado pelo menos 17 mísseis, o exército sul-coreano disse que “foram detetados mais seis lançamentos de mísseis terra-ar nas direções oriental e ocidental”.

Três mísseis balísticos de curto alcance foram lançados às 08:51 locais (23:51 de terça-feira em Lisboa) e um atravessou a chamada “Linha da Fronteira Norte”, a divisão marítima ‘de facto’ entre os dois países, disse Seul.

O disparo desencadeou um raro alerta aéreo na ilha sul-coreana de Ulleungdo, cerca de 120 quilómetros a leste da península da Coreia, onde os residentes foram aconselhados a refugiar-se em abrigos, segundo a agência francesa AFP.

Trata-se da “primeira vez desde a divisão da península” após a Guerra da Coreia em 1953, que um míssil norte-coreano caiu tão perto das águas territoriais da Coreia do Sul, disse o exército sul-coreano.

O Presidente sul-coreano convocou uma reunião do Conselho de Segurança Nacional para discutir o incidente, que os analistas dizem ser um dos mais agressivos e ameaçadores em vários anos.

Yoon Suk-yeol considerou que a “provocação norte-coreana é uma invasão territorial ‘de facto’ por um míssil que atravessou a Linha da Fronteira Norte pela primeira vez desde a divisão” da península, disse a presidência sul-coreana num comunicado.

Ordenou também “medidas rápidas e severas para fazer a Coreia do Norte pagar um preço elevado pelas suas provocações”, acrescentou a presidência, sem especificar.

Um dos mísseis caiu no mar a apenas 57 quilómetros da cidade de Sokcho, no nordeste da Coreia do Sul, disse Seul.

A Coreia do Sul encerrou várias rotas aéreas sobre o Mar do Japão, aconselhando as companhias aéreas a fazerem um desvio para “garantir a segurança dos passageiros” nas viagens para os Estados Unidos (EUA) e o Japão.

A Coreia do Sul e os EUA estão a realizar o maior exercício aéreo conjunto da sua história – denominado por “Tempestade Vigilante” -, que envolve centenas de aviões de guerra.

O marechal Pak Jong Chon, que é secretário do Partido dos Trabalhadores da Coreia do Norte, no poder, descreveu os exercícios como agressivos e provocadores, divulgou esta quarta-feira a imprensa oficial norte-coreana.

Pak disse que o nome dos exercícios lembrava “Operação Tempestade no Deserto”, o nome dado às operações militares da coligação liderada pelos EUA contra o Iraque em 1991, após a invasão do Kuwait.

O marechal disse que se os EUA e a Coreia do Sul tentarem atacar o país, os “meios especiais das forças armadas” da República Democrática da Coreia “desempenharão a sua missão estratégica sem demora”.

“Os EUA e a Coreia do Sul pagarão o preço mais horrível da História”, ameaçou Pak, de acordo com a agência noticiosa estatal KCNA.

“Que me lembre, a Coreia do Norte nunca realizou tal provocação quando a Coreia do Sul e os EUA estavam a realizar manobras conjuntas”, disse o professor da Universidade de Ewha Park Won-gon à AFP. “Esta é uma ameaça séria. O Norte também parece confiante nas suas capacidades nucleares”, acrescentou.

Na segunda-feira, um submarino de propulsão nuclear dos EUA chegou à costa da Coreia do Sul, como parte dos exercícios conjuntos entre os dois países, que começaram em agosto.

As duas Coreias continuam tecnicamente em guerra, uma vez que o conflito de 1950-53 terminou com a assinatura de um armistício e não de um tratado de paz.

A Rússia apelou a todas as partes envolvidas no conflito coreano para se acalmarem. “Consideramos que todas as partes neste conflito devem evitar quaisquer passos que possam provocar um aumento da tensão”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, citado pela EFE. A “situação na península já é suficientemente tensa”, disse.

ZAP // Lusa

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