Polícias a olhar para cada cartaz, detector de metais, jornalistas proibidos de entrar. E a ideia era só apoiar os mobilizados para a guerra.
Novosibirsk poderia ter sido palco de uma manifestação de esposas de soldados russos mobilizados para a Ucrânia.
Não foi porque a Câmara Municipal não deixou. Seria ilegal, explica: “Iria violar o princípio da legalidade”.
Em vez disso, foi autorizada uma reunião entre familiares dos soldados e autoridades locais. Num centro recreativo.
Não estavam mais do que 30 pessoas lá dentro, relata o Kur’yer Sreda – mas havia mais vigilantes (polícias e funcionários do centro) do que familiares.
Os polícias analisavam ao pormenor cada cartaz; todos os participantes tinham de passar por um detector de metais; carteiras revistadas; jornalistas proibidos.
O evento deste domingo, que parecia um comício político de um partido “perigoso”, só decorreu depois de um acordo com as autoridades locais.
A maioria dos familiares nem aceitou falar com os jornalistas que ficaram no exterior: “Todos estão com medo“, cita o jornal.
Um alto responsável local deu mesmo instruções claras à polícia: nenhum meio de comunicação social entra – exceptuando dois meios estatais, controlados pelo Kremlin.
O canal Meduza explica que as famílias dos russos que lutam na Ucrânia exigem que o período máximo para os mobilizados na guerra seja limitado a um ano, que todos os feridos recebam alta e que o Governo de Moscovo alargue a lista de doenças que impedem a chamada ao exército.
Em Novosibirsk, os participantes não acreditavam que esta reunião iria ter alguma consequência prática.