Ondas ultrassónicas de alta frequência, destinadas a regiões cerebrais específicas, podem mesmo influenciar o comportamento dos macacos.
O cérebro é um órgão muito difícil de tratar. Além de a grande maioria dos medicamentos ter vários efeitos colaterais, a cirurgia cerebral é muito arriscada e invasiva.
Um novo artigo científico, publicado no dia 20 de maio na Science Advances, traz uma nova esperança ao sugerir que ondas ultrassónicas possam ser usadas para afetar regiões específicas do cérebro de macacos de modo a controlar parcialmente a sua tomada de decisões.
Este tratamento influenciou a decisão dos macacos de olharem para a esquerda ou para a direita, independentemente do treino prévio para preferirem um determinado alvo em detrimento do outro.
A equipa aplicou uma técnica experimental usada por cientistas para estudar comportamentos de escolha humanos. Assim, dois macacos com a cabeça imobilizada dentro de um quarto escuro foram treinados para olhar para um alvo no centro de uma tela. Após alguns instantes, um segundo alvo aparecia na tela, à direita ou à esquerda do alvo inicial, e, em seguida, um terceiro alvo surgia no lado oposto.
Os macacos têm tendência a olhar para os alvos na ordem em que aparecem, mas foram treinados para resistir a essa vontade natural com recompensas alimentares.
Durante a fase experimental, os investigadores usaram um transdutor ultrassónico para estimular os campos oculares frontais dos macacos, a região cerebral responsável pela atenção visual e pelos movimentos voluntários dos olhos. Quando os cientistas estimularam os campos oculares focais esquerdos, os macacos selecionaram o alvo certo com mais frequência, e vice-versa.
Quando produzida no córtex motor, a estimulação não produziu qualquer efeito, o que sugere que os cientistas não provocaram apenas um reflexo físico, como influenciaram a escolha percetiva dos animais.
Esta é a prova de que as ondas sonoras agudas, que não são audíveis pelo ouvido humano, podem induzir mudanças físicas no cérebro. Esta estimulação causa a vibração das membranas neurológicas, que impulsiona os neurónios próximos e influencia os seus comportamentos associados. Usando esta técnica, os cientistas podem mudar a atividade dos neurónios.
Segundo o New Atlas, este estudo destaca o potencial uso desta técnica não invasiva e indolor no tratamento de certos distúrbios em humanos, sem a necessidade de cirurgia ou medicação. Ainda assim, os resultados são muito preliminares, já que os efeitos foram apenas observados em dois macacos.
Além disso, a eficácia a longo prazo deste tipo de tratamentos também não é clara.
Os cientistas já haviam conseguido estimular neurónios no cérebro de ratos com ondas ultrassónicas de alta frequência. Ao modular a atividade neuronal nestes animais, os cientistas conseguiram desencadear vários movimentos musculares.
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