Contracetivos comuns ligados a risco cinco vezes maior de tumor cerebral

ZAP // NightCafe Studio

Um estudo recente realizado por investigadores franceses associou o uso prolongado de certas hormonas contracetivas comuns a um aumento do risco de um tumor cerebral conhecido como meningioma intracraniano, o qual necessita de cirurgia.

O estudo, o primeiro a abordar o tema, centrou-se nos progestagénios, hormonas sintéticas que imitam a hormona sexual natural, a progesterona, amplamente utilizadas em contraceção hormonal, terapia hormonal na menopausa e tratamento de condições como endometriose e síndrome dos ovários poliquísticos.

Conduzida pela Agência Nacional Francesa para a Segurança de Medicamentos e Produtos de Saúde (ANSM) , a pesquisa analisou dados de 108.366 mulheres, das quais 18.061 tinham sido submetidas a cirurgia cerebral para remover um meningioma intracraniano entre 2009 e 2018.

Os dados foram recolhidos do Sistema Nacional de Dados de Saúde da França (SNDS), e cada caso clínico foi testado com cinco controlos, com base no ano de nascimento e área de residência, para examinar a associação entre progestagénios específicos e a incidência de meningioma.

Os resultados do estudo,  publicado esta quarta-feira na revista The BMJ, revelaram que o uso prolongado (durante um ou mais anos) de certos progestagénios aumentou significativamente o risco de desenvolvimento de um meningioma que requer intervenção cirúrgica.

Este aumento de risco foi de 5,6 vezes no caso de injeções de acetato de medroxiprogesterona de 150 mg (Depo-Provera), de 4,1 vezes com medrogestona oral de 5 mg (Colprone), e de 2,7 vezes com promegestone oral de 0,125 mg/0,5 mg (Surgestone).

Contudo, o estudo não encontrou aumento de risco para durações mais curtas de uso ou para outros progestagénios como a progesterona, a didrogesterona, ou dispositivos intrauterinos (DIUs) que libertam levonorgestrel, independentemente da dose.

O estudo também observou um risco excessivo com acetato de clormadinona, acetato de nomegestrol e acetato de ciproterona, que são conhecidos por aumentar o risco de meningioma. Devido a dados insuficientes, não foram tiradas conclusões sobre o risco associado ao dienogeste ou ao hidroxiprogesterona.

Embora tenha sido observacional e não possa estabelecer causalidade, além de não ter analisado predisposições genéticas ou exposição a radiação, o estudo sublinha a importância de rever regularmente o uso de medicamentos contracetivos com profissionais de saúde, salienta o New Atlas.

O acetato de medroxiprogesterona  é usado por um número estimado de 74 milhões de mulheres em todo o mundo, pelo que o número potencial de meningiomas a que pode ser associado é significativo.

Assim, dizem especialistas citados pela Scimex, estes resultados podem incentivar mais mulheres a considerar a mudança para DIUs que libertam contracetivos, em linha com a tendência de afastamento dos medicamentos hormonais orais observada nos últimos anos.

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