Contra o “tabu” da saída de Portugal do euro, PCP relança debate. É preciso “recusar inevitabilidades”

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José Sena Goulão / Lusa

O secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP), Jerónimo de Sousa

O secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP), Jerónimo de Sousa

Evento agendado para hoje contará com a participação de representantes comunistas de França, Irlanda Chipre e República Checa.

Em linha com o que já tem sido a posição do partido há décadas, o PCP continua a defender que Portugal perdeu mais do que beneficiou com a adesão ao Euro, defendendo, por isso, que os cidadãos não se devem resignar com o que descrevem como a perda de soberania sobre a sua política monetária, cambial e orçamental e sucessivos períodos de recessão ou estagnação económica.

Este é precisamente o tema dominante de uma conferência que o partido organiza hoje, no Iscte, e que se propõe a analisar as “consequências do uso do euro para o país se este rumo se mantiver” e as “possibilidades para concretizar uma rutura“.

“A permanência no euro já é suficientemente longa para se tirar conclusões independentes das conjunturas e dos governos. Este é o tempo de recordar a propaganda e as promessas então feitas e de as conformar com os impactos reais da adesão. Mas é sobretudo o tempo de pensarmos o presente e o futuro. Este debate assume recusar inevitabilidades”, descrevem os comunistas.

Na opinião dos eurodeputados do partido, responsáveis pela organização do evento, “o desenvolvimento do país reclama a rutura com a submissão ao euro e a recuperação de instrumentos de soberania que, inseridos numa política alternativa, promovam o investimento, a produção nacional, o aumento dos salários, a melhoria dos serviços públicos e das condições de vida da população”.

A proposta tendo em vista a renegociação da dívida tem sido defendida pelo PCP na Assembleia da República desde o governo de Passos Coelho, lembra o Público, assim como um processo de estudo para a saída de Portugal do euro e de nacionalização de alguns setores estratégicos da economia como a banca e a energia. Estas medidas têm sido recorrentemente chumbadas pelo PS e pela direta, mas a verdade é que se tornaram bandeiras do partido.

Ao jornal Público, Vasco Cardoso reconheceu que “escolher outro caminho e libertarmo-nos envolverá custos, tempo de preparação” e não será “repentino”. Ainda assim, defende, a discussão sobre a saída de Portugal do Euro “não pode ser tabu“.

ZAP //

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