Big Brother sobre o Atlântico e as florestas. Está a nascer uma constelação ibérica de satélites

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António Cotrim / EPA

Espanha e Portugal estão envolvidos num projecto para criar uma constelação de 16 satélites com o objectivo de controlar as costas e as florestas da Península Ibérica. A iniciativa começou na portuguesa GeoSat e António Costa convenceu Pedro Sánchez a entrar a bordo no âmbito do recente Tratado de Amizade Portugal-Espanha.

A última Cimeira Ibérica, realizada em Trujillo, Cáceres, deu um empurrão ao projecto Atlantic Constellation que visa levar ao espaço uma constelação de 16 satélites, para controlar e vigiar o oceano Atlântico, as costas e as florestas da Península Ibérica.

A ideia começou a formar-se na empresa portuguesa GeoSat que apresentou o projeto para obter financiamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), como refere o Expresso. Mas o projeto conta com o apoio de Espanha e com o envolvimento das empresas espanholas Hispasat e Hisdesat.

Esta colaboração terá sido alinhavada na Cimeira Ibérica que teve como ponto alto a assinatura do novo Tratado de Amizade Portugal-Espanha.

A iniciativa surge no âmbito da luta contra as alterações climáticas e vai permitir “monitorizar a biodiversidade, ter e medir dados adiantados ou mitigar os efeitos dos desastres naturais com mais regularidade e rapidez”, como explica ao jornal El País o director executivo do Atlantic International Research Centre (AIR Centre), Miguel Bello.

O AIR Centre é outra das entidades envolvidas na iniciativa que surge como um complemento ao Copérnico europeu para facilitar a transmissão de dados com maior frequência.

O projecto deverá precisar de financiamentos públicos e privados e contará também com o apoio de fundos europeus, nomeadamente do programa Next Generation que está focado na inovação e na Transição Verde.

GeoSat quer entrar na “primeira liga da observação da Terra”

A proposta apresentada pela GeoSat no âmbito do PRR prevê “um investimento total entre 120 milhões e 150 milhões de euros para a construção de 19 satélites”, mas o valor pode subir para os 200 milhões de euros, como apurou o Expresso.

Já o El País refere que a constelação luso espanhola de 16 satélites terá um investimento da ordem dos 60 milhões de euros.

A divergência de valores explica-se pelo facto de o projecto da GeoSat “pretender assumir a autonomia comercial e ter outros objectivos além daqueles que são definidos a nível governamental”, explica ainda o Expresso

A GeoSat quer apoio para construir mais três satélites além dos 16 do consórcio com os espanhóis. Estes três satélites podem colocar a empresa na “primeira liga da observação da Terra”, refere fonte da empresa ao jornal português.

“Mais do que um operador nacional, o objectivo passa por criar uma constelação que possa ser competitiva no mundo inteiro“, revela o diretor executivo da GeoSat, Francisco Vilhena da Cunha, em declarações ao semanário.

Os satélites devem começar a funcionar em 2025, mas está previsto que “as actividades de investigação e desenvolvimento arranquem em 2022, e o fabrico em 2023”, acrescenta Vilhena da Cunha.

O desenvolvimento dos satélites será feito pela Agência Espacial Portuguesa (Portugal Space) e pelo Centro espanhol de Desenvolvimento Tecnológico e Industrial (CDTI), como avança o El País.

ZAP //

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