Para ajudar pais de todo o mundo, uma equipa de psicólogos de Harvard lançou cinco dicas para tentar educar os filhos da melhor forma e torná-los bons seres humanos.
Educar filhos carinhosos e resilientes é a tarefa mais difícil para qualquer pai. Nunca acaba, mesmo quando se tornam adultos e saem de casa. Tal como nunca terminam as dúvidas, responsabilidades e crises de nervos aos pais por não saber se, no final, terão êxito no desafio de criá-los.
Na falta de uma receita infalível, psicólogos de Harvard deram cinco dicas para passar já à ação com os mais novos.
Alargar o círculo de afetos
Quase todas as crianças se interessam por um pequeno círculo de familiares e amigos próximos, mas aos pais cabe ajudá-las a abrirem-se também às perspetivas e anseios do novo aluno que têm na turma, por exemplo. Ou de alguém que não fale a mesma língua, não seja popular na escola, não tenha os gadgets da moda.
Num mundo global como o nosso, é importante educar os filhos para a diversidade de culturas e a necessidade de respeitar o que é vulnerável, diferente ou até estranho, sem discriminar. Ensine-os a interessarem-se pelas vivências dos outros. A dizerem “bom dia” e “obrigado” sem olhar a quem. A tratarem com igual gentileza o médico, a senhora da limpeza, os professores da escola e todas as pessoas presentes na sua vida quotidiana.
Equilibrar emoções
Nem tudo na vida são rebuçados e flores: por melhor que se eduque um filho para ser amável e justo, trabalhador e feliz, também haverá momentos em que vai sentir coisas menos positivas como inveja, egoísmo, ira – e está tudo bem, faz parte.
É uma questão de os ensinarmos a lidar com essas emoções sombrias de forma produtiva, aprendendo com os erros e assumindo a responsabilidade pelos seus atos, por mais que se envergonhem do que fizeram (nunca, mas nunca, culpem outra pessoa para se livrarem de um castigo, por exemplo).
Ter cuidado com os outros
Da mesma forma que é necessário treinar incansavelmente até se conseguir tocar bem um instrumento ou nadar os 200 metros bruços, é preciso praticar esta competência de cuidar dos outros e mostrar gratidão por quem cuida de nós. Nunca é tarde para começar em nenhum dos casos, apenas perseverar até sair naturalmente.
Incentive o seu filho a ajudar um colega com os trabalhos de casa, a colaborar nas tarefas domésticas, a cuidar dos irmãos. E pelo caminho desenvolvam juntos o sentido de gratidão pelo que a vida nos traz de bom. Assim alarga a sua flexibilidade cognitiva, crucial para o crescimento humano.
Ser um exemplo
Richard Weissbourd, psicólogo de Harvard e um dos autores do projeto Making Caring Common, considera fundamental os pais saberem dar o exemplo, já que as crianças aprendem os valores éticos por que se regem observando os adultos que mais respeitam.
Daí ser tão importante mostrar-se coerente nas suas próprias atitudes de honestidade, justeza e empatia: se respeitar os outros, a tendência é o seu filho fazer o mesmo; se tiver crises de prepotência e desconsideração constantes, idem.
E não, os pais não têm de ser modelos de perfeição o tempo todo: essa tal coerência consigo mesmos implica saber reconhecer erros e defeitos para que as crianças confiem em nós. E saber ouvir o que elas têm para nos dizer. E juntos descobrirmos que tudo na vida tem várias perspetivas e há sempre maneira de nos ligarmos aos outros para fazer o bem.
Fazer da empatia uma prioridade
A maioria dos pais tende a priorizar a felicidade e os feitos dos filhos acima de tudo na vida, quando o ideal é eles aprenderem a equilibrar as suas próprias necessidades e vontades com as dos outros.
“As crianças precisam de adultos que as ajudem a tornar-se compreensivas, respeitadoras e responsáveis pelas suas comunidades em cada fase da infância”, defende Weissbourd, que ajuda a educar para a empatia.
E aqui cabe aos pais orientarem os seus filhos neste sentido, ensinando-os a enfrentar os problemas e a escutarem os demais antes de desistirem de uma equipa, um desporto ou uma amizade. Certifique-se de que a criança se dirige sempre de forma respeitosa aos outros mesmo estando cansada, zangada ou distraída. Tão importante como serem felizes é serem gentis.
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