2024 foi o ano mais quente de sempre. O aquecimento global é um fenómeno conhecido, mas está a ultrapassar todas as previsões, e nem quem vê o globo de cima consegue explicar porquê.
“O aquecimento em 2023 foi muito superior ao de qualquer outro ano, e o de 2024 também o será”, afirmou Gavin Schmidt, diretor do Instituto Goddard de Estudos Espaciais da NASA, em novembro. “Quem me dera saber porquê, mas não sei”.
“Ainda estamos a avaliar o que aconteceu e se estamos a assistir a uma mudança na forma como o sistema climático funciona”, acrescentou.
Os especialistas acreditam que as alterações nos padrões das nuvens, a poluição atmosférica e a capacidade da Terra para armazenar carbono podem ser fatores decisivos, mas será necessário mais um ou dois anos para se ter uma ideia mais clara, explica a Science Alert.
“O calor global recorde dos últimos dois anos levou o planeta a um território desconhecido”, disse Richard Allan, um cientista climático da Universidade de Reading, no Reino Unido.
O que aconteceu estava “no limite do que seria de esperar com base nos modelos climáticos existentes”, disse também Sonia Seneviratne, climatologista da ETH Zurich, na Suíça. Mas a investigadora também acredita que “a tendência geral de aquecimento a longo prazo não é inesperada“, dada a quantidade de combustíveis fósseis que estão a ser queimados, acrescentou.
Acreditava-se que o calor que se fez sentir no planeta este ano podia prender-se com o fenómeno de variações nos ventos e nas temperaturas da superfície do mar El Niño, que aqueceu a Terra, aumentando as temperaturas globais. Mas, mesmo depois do seu desaparecimento, o calor persistiu.
“É difícil explicar isto neste momento”, disse Robert Vautard, membro do painel de peritos climáticos da ONU (IPCC). “Falta-nos um pouco de perspetiva.
“Se as temperaturas não baixarem mais acentuadamente em 2025, teremos de nos interrogar sobre as causas“.
Os oceanos, que têm atuado como um enorme “sumidouro de carbono” e regulador do clima, estão a aquecer a um ritmo que os cientistas “não conseguem explicar totalmente”, afirmou Johan Rockstrom, do Instituto de Investigação do Impacto Climático de Potsdam.
“Poderá este ser o primeiro sinal de que o planeta está a começar a perder a sua capacidade de resistência? Não o podemos excluir”, disse.