/

Nasceram os primeiros cães gémeos monozigóticos do mundo

1

Uma cadela da raça Irish Wolfhound deu à luz aos primeiros filhotes gémeos idênticos de que há registo entre os cães.

A descoberta foi feita pelo veterinário Kurt de Cramer, que realizou o parto, em outubro, no Rant en Dal Animal Hospital, na África do Sul.

Os filhotes são um exemplo raro de gémeos monozigóticos, ou idênticos, em mamíferos.

Até agora, o nascimento de gémeos idênticos só tinha sido relatado em cavalos e porcos, mas parece ser extremamente raro na maioria das espécies, exceto seres humanos e tatus.

Quando Cramer retirou os filhotes da mesma placenta da cadela através de uma cesariana, logo desconfiou que tinha nas suas mãos os primeiros cães monozigóticos conhecidos pela Ciência.

“Quando percebi que os filhotes eram do mesmo sexo e tinham marcas muito semelhantes, imediatamente suspeitei que poderiam ser gémeos idênticos originados da divisão de um embrião”, descreve à BBC.

Havia um problema: os filhotes não eram totalmente idênticos, com marcas um pouco diferentes nas patas, na ponta da cauda e no peito. Como cães filhotes de uma mesma mãe muitas vezes são bastante semelhantes, o veterinário precisava de mais provas.

Quando os animais tinham duas semanas de idade, Cramer colheu amostras de sangue e enviou-se para os especialistas reprodutivos Carolynne Joonè, da Universidade James Cook (Austrália), e Johan Nöthling, da Universidade de Pretória (África do Sul), que confirmaram as suspeitas do veterinário: os perfis de ADN dos cães eram idênticos em todos os 40 marcadores genéticos.

Trata-se do primeiro relato de gémeos monozigóticos em cães confirmado através de perfis de ADN.

O estudo que traz detalhes sobre a confirmação dos gémeos foi publicada a 22 de agosto na Reproduction in Domestic Animals.

Porque é que só é comum em humanos?

Se os seres humanos têm uma hipótese em 330 de dar luz a gémeos idênticos, porque é que o fenómeno é tão incrivelmente raro na maioria dos outros animais?

Ainda não se sabe ao certo, mas uma hipótese é de que os gémeos monozigóticos não sejam incomuns no momento da concepção, mas nunca completem o seu desenvolvimento.

Os gémeos colocam uma pressão muito grande sobre a mãe, já que precisam encaixar-se na mesma placenta e compartilhar nutrientes durante toda a gravidez. Os desafios podem ser muitos para que de fato o nascimento seja bem-sucedido.

Já foram identificados fetos de gémeos idênticos em cavalos, mas nenhum sobreviveu – a placenta de uma égua não é eficiente o suficiente para transportar oxigénio para dois fetos.

Outra explicação é que talvez os gémeos idênticos não sejam tão raros como pensamos, ou seja, lá porque estes cães foram os primeiros reconhecidos pela ciência não significa que não tenha havido outros que passaram despercebidos.

Basta pensar que, tal como acontece com os seres humanos, os animais podem ser gémeos idênticos sem ser totalmente idênticos, já que os genes que codificam certas diferenças físicas podem ser expressos de maneiras diferentes.

HypeScience

1 Comment

  1. “Nasceram os primeiros cães gémeos monozigóticos do mundo”. “(…) deu à luz aos primeiros filhotes gémeos idênticos de que há registo entre os cães”. O título da notícia está ferido de falta de rigor. O nascimento não terá nada de inédito. Foi apenas registado o primeiro agora, no entanto nada indica que já não tenham ocorrido milhares deles!

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.