Os confinamentos devido à COVID-19 podem ter alterado significativamente o desenvolvimento cerebral dos adolescentes.
Num estudo recente, os investigadores utilizaram dados de ressonância magnética para observar que o adelgaçamento normal do córtex, um processo de desenvolvimento chave durante a adolescência, acelerou durante o período de confinamento, com efeitos mais pronunciados nos cérebros femininos em comparação com os masculinos.
O adelgaçamento do córtex faz parte do processo de maturação do cérebro, necessário para a melhoria de funções como a tomada de decisão, a memória e o controlo do comportamento social.
Esta fase de “plasticidade”, particularmente proeminente na região frontal do cérebro, é crítica para o desenvolvimento cognitivo e emocional.
No entanto, o estudo sugere que as disrupções sociais induzidas pelos confinamentos poderiam ter acelerado este processo de maturação, levantando preocupações sobre o envelhecimento cerebral prematuro.
Os investigadores propõem que tal maturação acelerada pode não ser uma alteração temporária, mas poderia definir uma trajetória para efeitos adversos a longo prazo no envelhecimento cerebral, estendendo-se bem além dos anos da adolescência.
Esta descoberta é significativa, pois a adolescência é um período crucial para o crescimento social e psicológico, e a introdução do isolamento social durante esta fase pode levar a consequências graves a longo prazo.
E “precisamos de falar sobre isso“, alerta o Science Alert.
Além disso, a natureza restritiva dos confinamentos aumentou os riscos de distúrbios neuropsiquiátricos entre os adolescentes, particularmente ansiedade e depressão, com o estudo a indicar que as mulheres estão em maior risco.
As implicações destas descobertas são profundas, sugerindo que os impactos na saúde mental da pandemia podem ser muito mais sérios e duradouros do que anteriormente entendido.
Este estudo sublinha a importância de considerar os impactos mais amplos das políticas de saúde, especialmente aquelas que levam ao isolamento social.
Destaca a necessidade de uma abordagem equilibrada nas estratégias de saúde pública, tendo em conta os efeitos profundos que tais medidas podem ter em etapas vitais de desenvolvimento como a adolescência.