Conduzir com menos de 5 horas de sono é tão arriscado como conduzir embriagado

E se pudesse ser multado ou perder a carta por conduzir cansado? Um novo estudo revelou que se tiver menos de cinco horas de sono é tão provável que tenha um acidente de viação como se tivesse ultrapassado o limite legal de álcool no sangue.

Cerca de 20% de todos os acidentes de viação são causados pela fadiga. Nos últimos 20 anos, enquanto o número de colisões causadas pelo álcool tem diminuído significativamente, são poucos os progressos na diminuição do número de colisões causadas pelo cansaço.

A diminuição nos acidentes de automóvel relacionados com o álcool aconteceu por diversas razões: investimento na educação pública; orientações sobre a condução sob o efeito do álcool; estratégias de fiscalização, incluindo testes na estrada; casos jurídicos divulgados sobre a condução sob o efeito do álcool.

Além disso, os condutores são legalmente são multados se a concentração de álcool no sangue for superior a 0,5%, independentemente do seu desempenho na condução. Este limite de álcool no sangue é uma medida eficaz, determinando se alguém está legalmente autorizado a conduzir.

Nesta nova investigação, publicada recentemente na Nature and Science of Sleep e que incidiu sobre os condutores australianos, os investigadores analisaram se é possível diminuir o número de acidentes relacionados com a fadiga, seguindo uma estratégia semelhante à utilizada com o álcool.

Para tal, tendo por base estudos de laboratório e trabalho de campo, analisaram a quantidade de horas dormidas para se conduzir em segurança.

Após sintetizarem os resultados de 61 estudos, descobriram dormir menos de quatro a cinco horas duplica o risco de ter um acidente de viação. Este é o mesmo risco presente quando os condutores têm uma concentração de álcool no sangue de 0,5%.

O risco de acidente aumenta significativamente com cada hora de sono perdida na noite anterior. Alguns estudos sugerem que quando um condutor teve entre zero e quatro horas de sono na noite anterior, pode ter até 15 vezes mais probabilidades de ter um acidente.

A análise sugere que pode ser razoável exigir que os condutores tenham uma certa quantidade de sono antes de conduzirem. Tendo em consideração o grau de risco considerado aceitável para a intoxicação, exigir um mínimo de quatro a cinco horas de sono antes de conduzir pode ser uma das vias para evitar acidentes.

De acordo com a maior parte dos estudos analisados, beber álcool é algo que os indivíduos escolhem fazer. Mas muitas pessoas não podem decidir dormir mais. E não só: para que a condução sob estado de fatiga seja regulada, seria necessário um apoio público significativo.

É também necessário considerar como essa lei seria implementada. Não existe uma forma de avaliar a fadiga nas estradas – não há nenhum teste de respiração ou de sangue que possa avaliar quanto tempo de sono a pessoa teve. Como resultado, a regulação da fadiga teria provavelmente de acontecer no caso de um acidente. O condutor estava debilitado devido à fadiga, sendo por isso legalmente responsável?

Regulamentar a fadiga na condução não é uma ideia nova. Em Nova Jersey, a legislação “Maggie’s Law” considera que os condutores são legalmente culpados se tiverem tido zero horas de sono nas 24 horas anteriores. Esta lei, implementada em 2003 após um motorista cansado ter matado um estudante universitário, seria considerada por muitos bastante permissiva.

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