Um novo estudo simulou as condições de Marte e descobriu que “Conan, a bactéria”, conseguiria sobreviver hibernado durante 280 milhões de anos debaixo da superfície do planeta.
É uma questão que têm intrigado os cientistas — e David Bowie — há anos e anos. Afinal, há vida em Marte? Um novo estudo publicado na Astrobiology sugere que um dos micróbios mais resilientes da Terra pode estar escondido debaixo da superfície marciana e a dormir uma longa soneca há já 280 milhões de anos.
O micróbio em questão é o Deinococcus radiodurans, também conhecido como “Conan, a bactéria”, e é capaz de sobreviver a radiação forte o suficiente para matar qualquer outro tipo de vida conhecido.
Os cientistas testaram seis micróbios e fungos que conseguem sobreviver em ambientes extremos, tal como Conan, para tentarem perceber se estes seres vivos seriam capazes de viver nas latitudes médias de Marte.
Para isto, os micróbios foram expostos a raios ultravioleta e gamma, a temperaturas de 63 graus negativos e a protões de alta energia que simulavam as condições ambientais do Planeta Vermelho, escreve o Space.
A equipa mediu depois a acumulação de antioxidantes de manganês, cuja quantidade aumenta à medida que a resistência à radiação também cresce, nas células dos micróbios — e Conan, a bactéria, foi a vencedora clara.
As experiências mostram que Conan consegue absorver 28 mil vezes mais radiação do que os humanos. Testes anteriores já tinham indicado que o micróbio poderia sobreviver debaixo da superfície marciana durante 1,2 milhões de anos.
O novo estudo, onde o micróbio foi congelado e ressecado para se imitar o clima frio e seco de Marte, sugere que Conan poderia sobreviver durante 280 milhões de anos no planeta, se estiver enterrado a uma profundidade de 10 metros.
Esta esperança de vida diminui para 1,5 milhões de anos se a profundidade for reduzida para apenas 10 centímetros e para apenas algumas horas se a bactéria estiver à superfície, onde fica muito exposta à luz ultravioleta.
O clima de Marte há 280 milhões de anos era basicamente igual ao actual, pelo que teríamos de recuar cerca de 2,5 mil milhões de anos no tempo — quando os fluxos de água terão desaparecido — até chegarmos a uma altura em que o clima era quente e húmido o suficiente para que a vida pudesse sequer aparecer.
A equipa reconhece esta complicação, mas sugere que o derretimento periódico poderia ter permitido um repovoamento e dispersão intermitentes da bactéria.
Os autores recomendam que missões futuras em Marte sejam feitas em crateras com menos de 280 milhões de anos, para podermos descobrir de uma vez por todas se Conan, a bactéria, tem mesmo um primo marciano a dormir aconchegado debaixo da superfície e à espera de ser descoberto.