Membros da direção da Comunidade Israelita do Porto alvo de buscas

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Comunidade Israelita Porto / Wikipedia

Sinagoga Kadoorie Mekor Haim, sede da Comunidade Judaica do Porto

Vários membros da direção da Comunidade Israelita do Porto foram alvo de buscas policiais esta sexta-feira após “denúncias anónimas” e um deles foi indiciado por vários crimes, mas a direção diz que vai rebater “documentadamente ponto a ponto”.

O rabino do Porto, Daniel Litvak, foi detido pela Polícia Judiciária por alegadas ilegalidades na emissão de certificados de nacionalidade para judeus sefarditas, e, soube-se hoje.

O líder religioso ficou a aguardar o desenvolvimento do processo com termo de identidade e residência (TIR), para apresentações periódicas às autoridades, bem como ficou proibido de sair do país, tendo entregue o passaporte.

“No dia de ontem membros da direção da Comunidade Israelita do Porto / Comunidade Judaica do Porto (CIP/CJP) foram alvos de buscas”, pode ler-se numa nota da direção da CIP enviada à Lusa. “Um deles foi indiciado dos crimes de tráfico de influência, fraude fiscal e branqueamento e falsificação de documentos”, diz a nota.

Segundo a nota da CIP, a denúncia especifica que o membro em causa “foi o autor da lei dos sefarditas de 2013”, que haverá “desvios de fundos não declarados e que são branqueados”, e que “os pareceres do rabino são falsos e o jurista da direção devia saber”.

A nota da direção da CIP refere que as buscas ocorreram na sequência de “denúncias anónimas” e que tais denúncias vão ser “rebatidas documentadamente ponto a ponto”.

A detenção do líder religioso da Comunidade Judaica do Porto e estas buscas foram essencialmente movidas por “dois casos”.

Um relacionado com o oligarca Roman Abramovich, proprietário do Chelsea, que foi certificado com nacionalidade portuguesa pelo rabinato do Porto, a 16 de julho de 2020, dado cumprir os critérios plasmados na lei e aceites pelos sucessivos governos desde 2015.

O outro caso é relacionado com Patrick Drahi, fundador e atual dono da Altice, que foi certificado pela Comunidade Israelita de Lisboa em 2017, dado cumprir os critérios plasmados na lei e aceites pelos sucessivos governos desde 2015, elencou a direção da CIP, na mesma nota.

A direção da CIP refere que entregou às autoridades “provas documentais de que a direção da comunidade só tomou conhecimento deste caso em 10 de agosto de 2020”.

A Comunidade Judaica do Porto inclui cerca de 700 judeus de mais de 30 países.

A atribuição de cidadania portuguesa a Roman Abramovich, proprietário do clube de futebol inglês Chelsea, resultou de um processo conduzido pela comunidade judaica do Porto no âmbito da Lei da Nacionalidade para os judeus sefarditas, que foram expulsos da Península Ibérica durante a Inquisição medieval.

O processo de obtenção da cidadania portuguesa terá decorrido de forma mais rápida do que o habitual, o que levantou dúvidas. O líder da oposição a Vladimir Putin, Alexei Navalny, acusou então Portugal de receber subornos no âmbito do processo.

A Procuradoria-Geral da República em Portugal confirmou a 19 de janeiro que a concessão da nacionalidade portuguesa ao empresário russo Roman Abramovich ao abrigo da Lei da Nacionalidade para os judeus sefarditas estava a ser alvo duma investigação do MP.

ZAP // Lusa

5 Comments

    • Tu às vezes és divertido, para quem não souber reconhecer uma boa falácia.
      Essa chama-se “cherry picking”.
      Se calhar, “a gente que não fala com Deus” também anda sempre a contas com a justiça.
      Se calhar, a percentagem de “gente que fala com Deus que anda a contas com a justiça” é menor que a percentagem de “gente que não fala com Deus que anda a contas com a justiça”.
      E se calhar, a percentagem de “gente que anda a contas com a justiça que fala com Deus” é menor que a percentagem de “gente que anda a contas com a justiça que não fala com Deus”.
      Espero que percebas a diferença entre as duas coisas, para não ter que te explicar.

      • Bem…..segundo o seu raciocínio , há honestos e desonestos nos dois casos , mas un não legitima o outro . Gente que se pretende “Eleita de Deus” , tem sem duvida responsabilidade acrescida , em caso que se venha a confirmar que houve Crime de subornos e falsificação de Documentos . Nesse caso é efectivamente no Gulag da Sibéria que deveriam ir passar umas férias , e isso sem cerejas as refeições !

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