O nosso olfato é muitas vezes considerado fraco e sem importância, mas é mais forte do que se possa pensar. Este sentido pode influenciar o nosso humor, evocar emoções, e alterar o nosso comportamento.
Uma nova pesquisa, recentemente divulgada na Nature, mostrou que os odores corporais também podem afetar a velocidade das decisões no momento da compra.
Segundo avançou o Big Think, há mais de 30 anos que sabemos que os odores comuns influenciam as decisões relacionadas com compras. Num estudo de 1990, foram colocados dois pares idênticos de ténis da Nike em salas nas quais havia um aroma floral e um neutro. Os participantes que estavam nas salas com cheiro floral informaram que tinham 84% mais probabilidades de adquirir as sapatilhas.
Um estudo mais recente mostrou que os frequentadores de restaurantes que cheiravam o aroma relaxante da lavanda ficavam mais tempo e gastavam mais do que aqueles que cheiravam o aroma de limão.
Esta nova investigação é a primeira a analisar os efeitos dos odores corporais nas decisões dos consumidores. Para tal, o investigador Mariano Alcañiz, da Universidade Politécnica de Valência, e a sua equipa recolheram odores corporais de pessoas em condições que as deixavam felizes, assustadas ou relaxadas.
De seguida, expuseram 66 pessoas a esses odores enquanto estas decidiam se estavam dispostas a comprar determinados artigos e o valor que dariam por eles.
No geral, os participantes expostos aos odores corporais – independentemente do odor em causa – decidiram comprar mais rapidamente e indicaram um valor mais aproximado do real. Os produtos alimentares foram os comprados mais rapidamente, seguidos dos produtos de vestuário e dos produtos tecnológicos.
Os investigadores observaram, contudo, que cada odor influenciou as decisões de compra sobre categorias específicas de produtos. O odor da “felicidade” influenciou os participantes a tomar decisões mais rápidas na compra de bebidas, enquanto o odor do “medo” os encorajou a comprar mais rapidamente produtos de saúde.
Os investigadores sublinharam que o estudo foi realizado após o primeiro confinamento mundial devido à pandemia de covid-19, quando a higiene assumiu grande importância, sugerindo que esse cenário pode ter influenciando os tempos de resposta para as decisões de compra de produtos de saúde.
A equipa argumentou ainda que os odores corporais influenciam a rapidez de reposta dos participantes porque assinalam implicitamente a presença de outras pessoas. Afinal, os odores corporais desempenham um papel importante no nosso comportamento social, pois podem transmitir informação sobre idade, sexo, emoções e estado de saúde.
Os sinais químicos humanos também podem influenciar a forma como percebemos rostos e expressões faciais.