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Comprar casa está difícil? Há quem compre só uma parte

Não é só em Portugal. A crise imobiliária é mundial e começam a surgir soluções. Uma delas é comprar casa só para alguns meses do ano.

Perante um mercado imobiliário cada vez mais inacessível para muitos, surgiu do rés-do-chão uma tendência que tem vindo a oferecer uma solução a quem procura investir em imóveis.

À primeira vista, parece óbvio: quando não se pode comprar uma casa inteira, compra-se só uma parte. Eis o conceito de propriedade fracionada.

O conceito refere-se à situação daqueles que possuem partes distintas de um ativo ou propriedade. Uma propriedade pode ser dividida em frações e ser detida por diferentes indivíduos ou entidades, em vez de um deles possuir a propriedade inteira. Cada proprietário detém uma parte da propriedade, normalmente durante semanas ou meses, e aceita partilhá-la com outros donos.

Destina-se especialmente a quem não quer assumir o compromisso financeiro total de adquirir uma casa e àqueles que querem investir numa propriedade de elevado valor usufruindo ativamente dos benefícios dela sem terem de suportar todos os encargos financeiros.

Trampolim para ter casa

Quem defende o modelo argumenta que este permite a participação de mais pessoas no investimento imobiliário e pode servir de trampolim para a aquisição de uma casa própria — especialmente para aqueles que, com o modelo tradicional, estariam fora do jogo de compra e venda de casas.

Nos EUA, por exemplo, o modelo tornou-se cada vez mais apelativo devido à crescente escassez de habitação a preços acessíveis, ao aumento das taxas de juro — atualmente acima dos 7% — e à generalidade das condições económicas complicadas.

De acordo com a Associação Nacional de Corretores de Imóveis do país, o preço médio de uma casa de família aproximou-se dos 400 mil dólares (cerca de 373 mil euros), tornando o sonho de ter casa própria inalcançável para muitos.

Em resposta, empresas como a Pacaso e outras, incluindo a Arrived, a Lofty e a Mogul, oferecem uma oportunidade de investir em imóveis por uma fração do custo, democratizando o acesso a um mercado que é, há muito, fechado. Permitem a compra de ações ou tokens em propriedades com investimentos tão baixos quanto uns meros 50 euros, contam responsáveis ao Wired.

Apesar de passar apenas seis semanas por ano nesta residência, um acordo deste género proporciona a Nancy todos os benefícios de uma casa de férias sem os encargos de uma propriedade total.

“Quando vou para lá, sinto que é mesmo nosso” diz Nancy ao Wired sobre a sua mais recente experiência com o método de imobiliário. Tem todas as vantagens de uma casa de férias sem reparações ou manutenção com que se preocupar. “Quando partimos, a nossa pegada desaparece”, diz.

A sua luxuosa casa de 12 milhões de dólares em Vail, no Colorado, que partilha com outros investidores, é o exemplo da mistura de exclusividade e acessibilidade que a propriedade fraccionada pode oferecer.

No entanto, o método não está isento de desafios e riscos.

Os investidores em propriedades fraccionadas podem enfrentar problemas como a falta de controlo sobre a gestão da propriedade ou potenciais perdas financeiras se as condições do mercado se deteriorarem ou se as propriedades não forem arrendadas.

Os críticos argumentam que a tendência torna a habitação ainda mais mercantil, colocando a propriedade da casa fora do alcance do cidadão comum e agravando a crise da habitação.

ZAP //

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