Uma equipa internacional de biólogos e físicos teóricos de Dresden analisou este paradoxo, realizando experiências em vespas de papel.
Investigadores do Max Planck Institute for the Physics of Complex Systems, do Babraham Institute e do B.S.R.C. “Alexander Fleming” de Atenas,
As vespas de papel são insetos sociais que praticam uma divisão social do trabalho, com alguns insetos especializados em forragens e outras tarefas, enquanto um único inseto se torna a rainha especializada na produção de descendentes.
Enquanto esta divisão de trabalho permanece estável durante a vida da rainha, quando a esta é retirada da colmeia ou morre, os restantes trabalhadores podem mudar rapidamente o seu comportamento e estabelecer uma nova rainha.
Para entender este comportamento, as vespas de papel serviram como campo experimental para os investigadores analisarem este paradoxo, avança a Phys Org.
Durante as viagens de campo ao habitat nativo das vespas no Panamá, os cientistas realizaram experiências onde retiraram a rainha da colmeia e depois analisaram como as restantes vespas trabalhadoras escolhiam uma nova rainha.
Nestas experiências, a investigação combinou diferentes ferramentas experimentais como gravações de vídeo e perfis moleculares detalhados do cérebro dos insetos, de forma a seguir este processo simultaneamente em escalas espaciais, e investigarem a interação entre processos moleculares e interações sociais.
“A utilização de insetos sociais para estudar a plasticidade deu-nos a oportunidade única de relacionar processos moleculares, individuais e sociais ao longo do tempo em insetos individuais, algo que não é viável quando se estudam células em tecidos de mamíferos”, explica Solenn Patalano, que liderou as experiências.
Os investigadores estudaram depois os diferentes processos que levam a uma sociedade estável e permitem aos trabalhadores estabelecer uma nova rainha.
Concluíram que as sociedades conseguem distinguir entre diferentes tipos de perturbações que afetam a colmeia: perturbações intrínsecas afetam os insetos, independentemente uns dos outros, e são ativamente reprimidas pela sociedade. As perturbações extrínsecas afetam toda a sociedade.
“É fascinante ver como estas sociedades conseguem combinar processos que ocorrem por ordem de grandeza, de modo a ultrapassar um aparente paradoxo”, refere Adolfo Alsina, um dos autores do estudo, publicado na Cell Systems.
Os conhecimentos adquiridos a partir de insetos sociais poderão no futuro ser utilizados para compreender a plasticidade noutros sistemas biológicos, tais como a reprogramação de células de células estaminais em terapias regenerativas.