/

Como Portugal destrói Espanha na venda de carros elétricos

4

2023 foi um ano de crescimento na adoção de carros elétricos em Portugal, mas o mesmo não se verificou no país vizinho, que a este ritmo se prepara para não cumprir as metas “verdes” da União Europeia.

Espanha tem menos “cavalagem” em relação aos seus vizinhos europeus, particularmente França e Portugal, na adoção de veículos elétricos (VEs).

Apesar dos objetivos agressivos da União Europeia (UE) de reduzir as emissões de gases poluentes, a quota de mercado de veículos eletrificados de Espanha é de apenas 12%.

Já em Portugal, a venda de elétricos tem vindo a crescer há mais de um ano, com a quota a atingir, em agosto de 2023, os 40,3%.

Em setembro, 16,4% dos veículos ligeiros de passageiros novos eram elétricos, de acordo com a a ACAP – Associação Automóvel de Portugal. Espanha ficou para trás, com uma quota de novas vendas de elétricos de apenas 4,9% em 2023.

A UE pretende reduzir as emissões de todos os carros vendidos em 55% até 2030 e eliminar gradualmente os veículos com motores de combustão até 2035, permitindo exceções apenas para veículos que utilizem combustíveis sintéticos.

Para incentivar a transição para os VEs, os governos europeus estão a recorrer a incentivos fiscais e Portugal, com um rendimento per capita 20% inferior ao de Espanha, quase triplicou as suas vendas de VEs em comparação com o país vizinho.

Os incentivos fiscais para as empresas atualizarem as suas frotas para veículos mais limpos estão na base do sucesso de Portugal.

Os compradores em Portugal estão isentos do imposto de matrícula — Imposto Sobre Veículos (ISV) — e podem deduzir o IVA nas suas declarações de rendimentos. Estão ainda isentos de Imposto Único de Circulação (IUC) e de IRC (para viaturas com custo de aquisição até 62.500 euros).

Além disso, sublinha o EuroWeekly News, a burocracia em Portugal é menos complicada, facilitando o processo para os consumidores.

França e Noruega: casos de sucesso

França também tem sido bastante proativa ao concentrar a sua política de VEs para apoiar os fabricantes europeus, especialmente em detrimento dos chineses.

Cerca de 65% do mercado francês é elegível para incentivos governamentais, que incluem um bónus de 5000 a 7000 euros para carros elétricos abaixo de 47 mil euros.

Além disso, o país introduziu um programa de subsídio no início de 2024 para famílias de baixo rendimento alugarem veículos elétricos, oferecendo subsídios de 100 a 150 euros por mês durante três anos.

A Noruega é um exemplo notável no setor de carros elétricos: mais de 80% dos veículos do país são elétricos e a Tesla tem uma quota de mercado significativa.

O sucesso da Noruega deve-se ao seu generoso apoio fiscal, isentando os compradores do IVA e dos impostos de registo e ambientais. No entanto, isso levou a uma perda significativa de receita fiscal, levando à introdução de um imposto sobre o peso para os proprietários de carros elétricos.

Espanha fica para trás

Em contraste, Espanha enfrenta vários desafios no seu mercado de carros elétricos — e não são só relacionados com falta de subsídios e incentivos fiscais.

A falta de infraestrutura de carregamento também tem um papel relevante no fracasso espanhol. Com um elevado potencial para apostar na energia solar, o país ainda tem um longo caminho pela frente na implementação de estações de carregamento. Na mesma situação está Itália, que com 3,9% de novas vendas de elétricos em 2023 também se encontra muito atrasada face aos países vizinhos.

Para impulsionar a adoção de VEs e cumprir as metas de emissões da UE, o país pode tentar implementar novas medidas fiscais, como revitalizar programas existentes como o Moves III e rejuvenescer a sua frota de veículos.

Tomás Guimarães, ZAP //

4 Comments

  1. “para famílias de baixa renda” …. em português de Portugal, diz-se e escreve-se “para famílias de baixo rendimento” !

    A palavra “renda” é o valor cobrado pelo arrendamento de um imóvel (e não aluguer de imóvel) ou prestação recebido por um investimento…. Ex. : o valor da renda deste imóvel é de 500 EUR mensais.

    O “rendimento” é o total de lucros recebidos, sob a forma de salários, juros, lucros, etc…. Ex.: A renda da minha casa, paga pelo inquilino, deu-me um rendimento anual de 2000 euros.

  2. E isto é uma boa notícia? E o que se passa em Portugal? Imigração, crise imobiliária, instabilidade económica?

    Que tal focar nos problemas realmente importantes?

  3. E talvez os automóveis de combustão em Espanha sejam muito mais baratos que em Portugal, devido à carga de impostos ser mais vaixa e o medmo em relação aos combustíveis.

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.