“Árvores em movimento”. Cientistas mostram como os incêndios aceleram as mudanças na floresta

Fully Handoko / EPA

À medida que as condições climáticas mudam, a distribuição das espécies de árvores também. Segundo mostra um novo estudo, os incêndios florestais só estão a acelerar esse processo.

À medida que o clima muda, as espécies animais e vegetais também estão a mudar em direção a condições mais adequadas para o seu crescimento e reprodução. No caso das plantas, estudos anteriores mostraram que estas estão a fazê-lo para altitudes mais altas e mais frias a uma média de quase um metro e meio por ano.

Agora, um estudo da Universidade de Stanford publicado, a 15 de novembro, na revista científica Nature Communications mostra que os incêndios florestais só estão a acelerar este processo.

“Forças complexas e interdependentes estão a moldar o futuro das nossas florestas”, começou por alertar, em comunicado, Avery Hill, estudante da universidade norte-americana e autor principal da investigação.

Para melhor entender a distância, a direção e a taxa de deslocação das árvores, a equipa analisou como este fenómeno é afetado pelos incêndios florestais, um potente motor da estrutura e composição do ecossistema no oeste dos Estados Unidos.

Os investigadores analisaram um sem número de dados do Serviço Florestal dos EUA, referentes a mais de nove estados, e identificaram espécies de árvores que estão a mudar a sua distribuição para locais mais frios e húmidos – algo esperado tendo em conta o recente aquecimento e secagem. Então, decidiram comparar a taxa dessas mudanças entre locais que foram devastados por incêndios florestais e os que não foram.

Das oito espécies que tiveram mudas a crescer em climas significativamente diferentes das árvores maduras da mesma espécie, os cientistas encontraram fortes evidências de que duas – Pseudotsuga menziesii e Quercus chrysolepis – mostraram sinais de mudanças maiores em áreas afetadas pelos incêndios do que as outras.

Embora esta análise não tenha revelado o mecanismo de como os incêndios aceleram estas mudanças em certas árvores, a equipa levanta a hipótese de que as áreas queimadas, com as copas abertas e o sub-bosque queimado, apresentam menos competição de outras espécies de plantas.

“Este estudo destaca um mecanismo natural que pode ajudar as florestas a manterem-se saudáveis, mesmo em face de pequenas alterações climáticas. Também ilustra a forma como os processos do ecossistema costumam ter várias camadas de controlo, um recurso que enfatiza o valor da compreensão detalhada para uma gestão mais eficaz”, disse, na mesma nota, Chris Field, biólogo e co-autor do estudo.

ZAP //

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