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Como é que as pessoas sobrevivem a acidentes de avião que matam quase toda a gente?

Não tem de ser um ás da aviação para sobreviver a um acidente. Na maior parte das vezes, trata-se apenas de uma questão de sorte ou azar. E há 5 fatores principais que interferem na probabilidade de sobrevivência.

181 pessoas iam a bordo do avião da Jeju Air na Coreia do Sul quando, no mês passado, um erro na aterragem culminou na morte de (quase) todos os passageiros. Dois assistentes de bordo sobreviveram — um homem de 33 anos e uma mulher de 25, que estão estáveis e a comunicar normalmente.

Os dois sobreviventes estavam sentados na parte de trás do avião.

Também o avião da Azerbaijan Airlines que caiu no Azerbaijão dias antes fez 38 mortos, e houve 29 sobrevivente — todos sentados na parte de trás.

Em 1987, um avião caiu em Detroit matando todos os 155 passageiros, à exceção de uma menina de 4 anos. O seu lugar era na frente, o 8F.

Nas últimas oito décadas, houve apenas 17 outros acidentes em viagens comerciais em que aviões com 80 ou mais ocupantes deixaram um ou dois sobreviventes, de acordo com dados recolhidos pela Flight Safety Foundation.

É uma questão de sorte? Sim. Mas especialistas explicam ao Wall Street Journal que há 5 circunstâncias que aumentam as probabilidades de sobreviver.

“Muitas pessoas pensam que é mais seguro sentar-se atrás do que à frente”, disse Barbara Dunn, presidente da Sociedade Internacional de Investigadores de Segurança Aérea. “Não necessariamente. A rapidez com que o fogo se apodera de si e a rapidez com que consegue chegar a uma saída, tudo isso também é importante.”

“Há muitas razões para que alguém possa sobreviver numa situação que parece ser totalmente impossível de sobreviver”, acrescenta.

“Dependendo da forma como o avião aterra e do lugar onde o passageiro está sentado, isso tem impacto. Se o seu cinto de segurança estiver apertado, isso limita a quantidade de movimentos que o corpo sofre. Depende também do facto de o passageiro ser capaz de assumir uma posição de emergência“, aponta ainda.

A posição de emergência, em inglês “brace position”, é uma postura em que o passageiro se protege do impacto dobrando o corpo.

Eis, portanto os 5 fatores que os especialistas apontam como importantes nestas situações: a integridade da aeronave, a eficácia dos dispositivos de segurança, as forças G experimentadas pelos passageiros e pela tripulação, o ambiente no interior da aeronave e os fatores pós-acidente, como o fogo ou o fumo.

As forças G são as forças gravitacionais que mantêm o ser humano na terra. Na vida quotidiana, os seres humanos estão sujeitos a 1 G e, em geral, perde-se a consciência com 4 ou 5 G.

Se um avião como o Boeing 737 que se despenhou na Coreia do Sul não sofrer mais de 9 G’s em movimento para a frente, os ocupantes têm uma hipótese razoável de escapar a ferimentos graves, garantem os professores Thomas Zeidlik e Nicholas Wilson.

“Às vezes as coisas acontecem, e é realmente difícil de explicar”, diz Anthony T. Brickhouse, especialista em segurança aeroespacial . “Detesto usar o termo, mas às vezes a sorte entra em jogo”.

ZAP //

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