Segundo um recente estudo levado a cabo por biólogos da Universidade de Frankfurt, é um circuito neuronal específico no cérebro dos morcegos que controla as suas vozes.
Os morcegos são conhecidos pelo seu exímio sentido de orientação e para essa característica em muito contribui a sua audição empática. Estes animais emitem ruídos de ultrassom e recebem em troca uma imagem do ambiente com base no eco.
Da mesma forma, os morcegos usam as suas vozes numa faixa de frequência um pouco mais profunda para se comunicarem com outros membros da sua espécie. Os animais empregam um alcance vocal para esse fim, que de outra forma é encontrado apenas entre pássaros e humanos. E, tal como nós, produzem som através da laringe.
A capacidade de vocalizar é omnipresente nos vertebrados, mas as redes neurais subjacentes ao controlo vocal ainda são pouco conhecidas.
Juntamente com a sua equipa, Julio C. Hechavarria, do Instituto de Biologia Celular e Neurociência da Universidade de Frankfurt, analisou a atividade cerebral anterior à vocalização nos morcegos da espécie Carollia perspicillata.
A equipa descobriu que um agrupamento de células nervosas cria um circuito do lobo frontal para o corpo estriado, um dos núcleos de base do diencéfalo no cérebro.
Quando esse circuito dispara sinais rítmicos, o morcego emite uma vocalização cerca de meio segundo depois. De acordo com a pesquisa, o tipo de ritmo parecia determinar se os animais iriam proferir eco-localização ou vocalizações de comunicação.
No entanto, como é um verdadeiro desafio prever o que virá meio segundo depois, os cientistas decidiram treinar um computador para testar as suas hipóteses. Os resultados sugerem que, entre a ecolocalização e as vocalizações da comunicação, o computador acertou cerca de 80% das vezes, descreve o Tech Explorist.
As previsões foram particularmente precisas ao considerar os sinais do lobo frontal, uma área que em humanos tem sido associada ao planeamento de ações.
Os ritmos observados no cérebro dos morcegos são muito semelhantes aos ritmos neurais frequentemente registados no couro cabeludo humano, e estes podem estar ligados à produção sonora em mamíferos no geral.